
A recente investigação sobre um incêndio no motor de um Airbus A350-1000 da Cathay Pacific revelou que uma mangueira de combustível rompida foi a causa primária do incidente, que ocorreu durante um voo de Hong Kong a Zurique em 2 de setembro.
A Autoridade de Investigação de Acidentes Aéreos de Hong Kong (AAIA) divulgou um relatório preliminar detalhando como a ruptura da mangueira do coletor de combustível secundário do motor Rolls-Royce Trent XWB-97 causou uma fuga que resultou em um incêndio que poderia ter gerado danos extensivos se não fosse rapidamente controlado.
Durante o voo CX-383, que transportava 332 ageiros e 16 membros da tripulação, o incêndio foi detectado no motor número 2 logo após a decolagem, quando a aeronave estava a cerca de 34 pés de altitude e viajando a 191 nós (353 km/h).
A tripulação reagiu de forma eficiente desligando o motor afetado e utilizando um extintor de incêndio ali localizado, conseguindo acabar com o alarme em 59 segundos. Após realizar uma manobra para despejar combustível, o A350 (de matrícula B-LXI) retornou a Hong Kong uma hora e quinze minutos após a decolagem.
A investigação da AAIA revelou um “buraco discernível” na mangueira de aço trançado, além de observar fuligem na parte traseira do motor e marcas de queimadura na parte inferior das duas carenagens dos reversores de empuxo do motor, confirmando a ocorrência de fogo. O exame pós-incidente do motor revelou que mais cinco mangueiras secundárias apresentavam “tranças de metal desgastadas ou estruturas colapsadas”.
De acordo com a AAIA, “inspeções adicionais sugeriram que o combustível direcionado para o bico pulverizador poderia vazar pela mangueira do coletor de combustível secundário rompida”. O relatório advertiu que, se não detectada e tratada prontamente, essa situação poderia, junto com outras falhas, evoluir para um incêndio no motor mais grave, potencialmente causando danos significativos à aeronave.
Em resposta ao incidente, a Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA) emitiu uma ordem para que operadores do A350-1000 realizem uma inspeção única das mangueiras do coletor de combustível.
Em 5 de setembro, a Rolls-Royce também emitiu um boletim de serviço abordando a questão. A diretriz da EASA abrange todos os motores Trent XWB-97, exceto 34 exemplos especificamente identificados, e exige que motores mais antigos – aqueles com 18.500 horas ou 2.300 ciclos, que já aram por pelo menos duas visitas a oficinas – sejam inspecionados.
À medida que as investigações prosseguem, a AAIA afirma que continuará a analisar os fatores que levaram ao incêndio, incluindo a dinâmica do fogo e como ele se espalhou, além de investigar as causas que levaram à ruptura da mangueira.
Inspeções realizadas pela Cathay após o incidente revelaram que 15 outras aeronaves A350 em sua frota possuem peças semelhantes danificadas que necessitam de substituição, ressaltando a urgência de ação na segurança operacional da companhia aérea.