
A Boeing chegou a um acordo confidencial de última hora com as famílias de duas vítimas do acidente com o voo 302 da Ethiopian Airlines, ocorrido em 2019, evitando assim um julgamento civil que estava previsto para começar nesta semana em Chicago.
O acordo foi firmado pouco antes do início da seleção do júri nos processos movidos pelas famílias de Antoine Lewis e Darcy Belanger, duas das 157 pessoas que perderam a vida quando um Boeing 737 MAX 8 caiu pouco depois de decolar de Addis Abeba, em 10 de março de 2019. Os termos do acordo permanecem confidenciais, conforme informaram os escritórios de advocacia que representam as famílias, como informa o portal parceiro Aviacionline.
Esse acidente, juntamente com outro semelhante ocorrido com a Lion Air na Indonésia, em outubro de 2018, que causou a morte de 189 pessoas, foi atribuído a falhas no software do sistema de controle de voo automatizado (MCAS — Maneuvering Characteristics Augmentation System) do Boeing 737 MAX. Após essas tragédias, toda a frota mundial do 737 MAX ficou em solo por mais de 20 meses, enquanto a Boeing trabalhava em modificações no software e melhorias de segurança, sob supervisão de reguladores globais, incluindo a istração Federal de Aviação dos EUA (FAA).
A Boeing já reconheceu responsabilidade pelas causas do acidente da Ethiopian Airlines, de forma que as ações civis e acordos, como o firmado recentemente, têm se concentrado na compensação pelos danos sofridos pelos familiares das vítimas. Centenas de processos semelhantes foram resolvidos pela empresa nos últimos anos.
Apesar deste acordo, a Boeing ainda enfrenta litígios pendentes relacionados ao acidente na Etiópia. O próximo julgamento, representando outras famílias afetadas, está previsto para ocorrer em julho deste ano, e será na esfera criminal.
A situação da Boeing segue complexa. A empresa continua sob intenso escrutínio regulatório e público, agravado por incidentes mais recentes, como o desprendimento de um em pleno voo de um 737 MAX 9 da Alaska Airlines, ocorrido em janeiro de 2024.
Além disso, a Boeing enfrenta um processo criminal por acusações de ter enganado reguladores a respeito do 737 MAX antes dos acidentes, tendo concordado recentemente em se declarar culpada de conspiração em um caso com o Departamento de Justiça dos EUA.