
Uma mulher que foi vítima de um grave abuso sexual durante um voo noturno da American Airlines, de San Francisco para Dallas-Fort Worth, afirma que a companhia aérea não tomou nenhuma medida para impedir que um agressor conhecido continuasse viajando em seus aviões, mesmo ciente de seu histórico de condutas sexuais inadequadas.
Em um processo judicial, a mulher relata que, mesmo após tentar alertar a American Airlines várias vezes sobre a agressão humilhante que sofreu por parte do suspeito, ele continuou a ter permissão para voar com a companhia, detalha o PYOK.
O acusado, Cherian Abraham, de 54 anos, morador de Allen, Texas, teria abusado sexualmente de outras duas mulheres em voos da American Airlines antes de ser finalmente preso e acusado de conduta sexual abusiva, segundo o Escritório do Procurador dos EUA para o Distrito Oeste de Washington.
Barbara Morgan está processando a American Airlines por negligência e ocultação, entre outras acusações, devido à forma como foi tratada e a uma suposta cultura na empresa, sediada em Fort Worth, que “acolhe agressores sexuais” e “silencia vítimas”.
O episódio traumático vivido por Barbara teve início em 24 de abril de 2024, durante o voo AA-2111, um voo noturno de San Francisco para Dallas-Fort Worth. Ela viajava com o marido, mas a companhia aérea separou seus assentos, fazendo com que Barbara ficasse sozinha na poltrona do meio, ao lado de Abraham.
Apesar de haver assentos disponíveis no avião, a American Airlines se recusou a realocá-los juntos sem o pagamento adicional de US$ 70.
Durante o voo, com as luzes da cabine já apagadas, Abraham iniciou o ataque sexual, esfregando o braço nos seios de Barbara e, em seguida, tocando suas partes íntimas enquanto ela permanecia imóvel, paralisada pelo medo.
Sem conseguir chamar a atenção dos comissários de bordo, que haviam se recolhido às copas e não retornaram à cabine, Barbara enfrentou um intenso impacto emocional até o final da viagem.
Ao desembarcar, ela procurou imediatamente um agente da companhia aérea no portão de desembarque e relatou a agressão. No entanto, em vez de receber apoio, Barbara afirma que foi alvo de culpabilização por parte do funcionário, que questionou por que ela não havia denunciado o caso ainda dentro do avião.
No mesmo dia, ela apresentou uma queixa formal à American Airlines e fez vários contatos posteriores, inclusive escrevendo ao chefe de atendimento ao cliente da empresa, até finalmente receber uma resposta do setor de segurança da companhia. Ainda assim, segundo Barbara, o representante tentou mais uma vez transferir a culpa para ela.
Apesar da denúncia, a American continuou permitindo que ele viajasse com frequência. Na verdade, a queixa de Barbara não foi a primeira. Ele já havia sido acusado de atacar outra ageira em um voo da mesma companhia em outubro de 2023.
Sem qualquer restrição às suas viagens, Abraham teria cometido uma terceira agressão sexual contra outra mulher em março de 2025, também em um voo da American Airlines.
A ação judicial, recentemente protocolada em um tribunal distrital da Califórnia, alega que a American Airlines possui um histórico preocupante em lidar com denúncias de abuso sexual a bordo. O processo cita, por exemplo, um caso de 2017 em que uma mulher teria sido estuprada dentro de um lavatório, após os comissários ignorarem os pedidos da vítima para que parassem de servir bebidas alcoólicas ao agressor.
Barbara busca uma indenização significativa da American Airlines, incluindo danos punitivos e exemplares, com o objetivo de “desencorajar condutas semelhantes no futuro”.
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