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CIDADE DO MÉXICO, México – A Airbus explora possibilidades de venda do seu maior avião turboélice já fabricado, o A400M, para vários países latino-americanos.
Durante a Feira Aeroespacial Mexicana (FAMEX), o AEROIN conversou com Arturo Barreira, presidente da Airbus para a América Latina e Caribe, antes de embarcar em um voo no A400M, atualmente o maior cargueiro militar em produção no mundo.
A apresentação na FAMEX 2025 foi direcionada à Fuerza Aérea Mexicana (FAM). Em nosso voo estiveram presentes diversos oficiais e praças da FAM, que demonstraram entusiasmo e curiosidade sobre a aeronave — uma das candidatas a substituir os antigos Lockheed C-130K/L-100 Hércules. O A400M disputa a concorrência com a nova versão C-130J Super Hércules e com o brasileiro KC-390 Millennium da Embraer.
Para Arturo, o grande diferencial do A400M é sua maior capacidade. Segundo estimativas da fabricante europeia, quatro aeronaves deste modelo podem substituir — ou cumprir a mesma função — de seis aviões da categoria do Hércules, com custos similares, a depender do tipo de missão.
Enquanto o apelo para a FAM se concentrou na questão humanitária — e na capacidade única do A400M de transportar retroescavadeiras, pacientes e suprimentos essenciais —, a Airbus também explora possibilidades além do único país que pertence simultaneamente à América do Norte e à América Latina.
“Nossa análise, obviamente, foi baseada em países que têm potencial econômico para sustentar esse tipo de aeronave e realizar missões além das fronteiras, ou seja, missões de apoio internacionais. Dito isso, quais países? Pois bem, há quatro que, para mim, são chave — como o México, mas também o Chile, que, por sua configuração geológica e geográfica, é um país onde essa aeronave poderia até mesmo operar na Antártica. Ou seja, esse é um ativo que teremos de avaliar no momento certo“, afirmou Arturo, ao ser questionado pelo AEROIN sobre outros países em potencial.

O Chile pode parecer pequeno em área territorial — sendo menor que a Bolívia ou a Venezuela —, mas é um país extremamente extenso. Isso faz com que os deslocamentos terrestres sejam demasiadamente longos, mesmo com uma estrutura viária acima da média para o continente. É aí que a Airbus enxerga um mercado promissor para o A400M, além da presença histórica chilena no extremo sul do continente, especialmente na Antártica.
Arturo complementa, citando outros países em potencial: “Também há outros países, como por exemplo a Colômbia ou, como eu dizia, até mesmo o Brasil. Veja o que vou dizer: acredito que nossa aeronave não concorre diretamente com o Embraer KC-390 — são categorias diferentes — e por que não sonhar e imaginar que, um dia, o Airbus A400M também esteja no Brasil?“, afirmou o executivo, sugerindo que o A400M possa complementar o KC-390, ainda que em menor número.

Por décadas — e até hoje — a logística militar brasileira tem sido um dos principais pontos fracos do Ministério da Defesa. Os deslocamentos internos demoram semanas, a aquisição de tanques (MBT) é limitada em parte pelas condições das estradas, e atualmente o país conta com apenas sete aeronaves KC-390 para realizar transportes pesados por via aérea — menos do que um único estado norte-americano tem em sua Guarda Aérea Nacional, como Nevada, que opera oito aviões C-130H Hércules.
Em contrapartida, o A400M exige um investimento maior por parte da força. Como o próprio executivo da Airbus afirmou, é necessário ter “potencial econômico para sustentar esse tipo de aeronave“. A falta de verba, inclusive, é o principal motivo das deficiências na logística militar brasileira, afetando outros projetos, como o KC-30 — que também foi tema da nossa conversa com a Airbus e será abordado em uma reportagem exclusiva em breve.
O AEROIN viajou à FAMEX à convite da Airbus Defence