
O futuro sustentável da aviação tomou o centro das atenções durante o recente evento ALTA Aviation Law Americas, onde especialistas discutiram a urgência de se superar os desafios ambientais que cercam o setor.
O “Superando os Desafios Ambientais na Aviação” lançou luz sobre os avanços na utilização de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e a necessidade de um compromisso mais firme da indústria para abordar questões ambientais de forma eficaz.
Milena Fajardo, Diretora de Combustíveis e Sustentabilidade da ALTA, foi a moderadora do e enfatizou que a prioridade deve ser uma política de incentivos para o uso de SAF ao invés de imposições rígidas.
“A América Latina e o Caribe enfrentam peculiaridades, como diferentes trajetórias de poluição e poder aquisitivo, além de um tráfego aéreo que representa apenas 5,8% do total mundial. Diante disso, nossos países precisam adotar roteiros personalizados, levando em conta as realidades locais ao formular políticas públicas”, apontou Fajardo.
Com o mesmo tom, Oracio Marques, Diretor Regional de Relações Externas e Sustentabilidade da IATA para a América Latina, destacou a importância da colaboração entre a indústria e os governos.
Ele ressaltou que essa cooperação é vital para enfrentar desafios regulatórios e operacionais e para promover o SAF como uma solução central em uma jornada ambiental mais ampla. “Precisamos alinhar a regulamentação da produção de SAF em países como Brasil, Paraguai e Colômbia, garantindo que a certificação das matérias-primas esteja em conformidade com os padrões internacionais de sustentabilidade”, afirmou.
A magnitude do potencial da América Latina para a produção de SAF foi sublinhada por Carolina Betancort, Gerente de Novos Negócios Biorrenováveis da BioD S.A. Betancort argumentou que a região, com seu o privilegiado a matérias-primas, poderia se tornar um líder global nesse setor se houvesse um sólido arcabouço regulatório e incentivos financeiros adequados.
O caráter crucial das análises ESG na elaboração de marcos regulatórios adaptados à realidade de cada país foi abordado por Eliseo Llamazares, da KPMG. Llamazares alertou que, para atrair investimentos, a América Latina deve lidar com a insegurança jurídica que muitas vezes é um entrave para o financiamento internacional.
Para Eduardo Macedo, da LATAM Brasil, a integração regional pode ser uma vantagem competitiva, mas o custo da produção de SAF ainda apresenta desafios. Ele reafirmou o comprometimento do setor em atingir zero emissões até 2050, por meio de várias iniciativas, que englobam desde a eficiência operacional até a compensação de carbono.
Apesar das dificuldades, os especialistas concordaram que a América Latina possui um enorme potencial para liderar a transformação da aviação sustentável. Com recursos naturais abundantes e a possibilidade de se tornar um polo de produção de SAF, a região pode vir a ser um exemplo global, desde que consiga superar barreiras regulatórias e financeiras.