
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) realizou, entre os dias 13 e 15 de maio, a Semana Safety – Etapa Cuiabá (MT), um evento regional focado na promoção da segurança operacional, com especial atenção às atividades da aviação agrícola e geral na Região Centro-Oeste.
A iniciativa reuniu especialistas, operadores, técnicos e profissionais do setor para palestras, painéis e debates construtivos, promovendo o intercâmbio de experiências e a construção de soluções colaborativas para os desafios locais.
Na abertura do evento, o chefe da Assessoria de Segurança Operacional da ANAC, Bernardo Castro, destacou o compromisso da Agência em fortalecer a cultura colaborativa no setor: “Queremos deixar de ser vistos apenas como um órgão fiscalizador e ar a imagem de uma Agência que trabalha junto, para melhorar a segurança nas operações aéreas”.
O diretor da ANAC, Tiago Pereira, reforçou as palavras de Bernardo no segundo dia de palestras, acrescentando que a escolha de Cuiabá para sediar a etapa foi cuidadosa: “O Mato Grosso é um estado que tem uma economia grande e que tem crescido acima da média nacional por causa do agronegócio. E, com isso, sabemos que a aviação e o crescimento econômico estão totalmente ligados. Então, estamos olhando com atenção para a região, no sentido colaborativo de estar aqui para ouvi-los”.
Destaques do 1º dia
: Manobras acentuadas na aviação agrícola
Moderado por Gerson Costa, coordenador de Promoção e Melhoria Contínua da ANAC, o contou com a participação de:
- Capitão Veloso, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), que apresentou dados de investigações sobre acidentes relacionados a manobras críticas na aviação agrícola, destacando a alta taxa de fatalidade, os fatores operacionais recorrentes e formas de mitigá-los.
- David Branco, instrutor e fundador da Branco Aviação, que analisou estatísticas de acidentes e os principais fatores de risco, como falhas de motor e manobras em baixa altura.
- Nelson Nagamine, gerente de Aeronavegabilidade Continuada da ANAC, que abordou as evoluções nas inspeções da aeronave Ipanema e as ações contínuas para mitigar riscos.
: Impactos de atividades clandestinas nas operações aéreas
Apresentado por Kleber Bezerra, coordenador de Execução da Ação Fiscal da ANAC, o expôs os riscos à segurança gerados por atividades não certificadas e clandestinas, como a ocultação de panes, fraudes documentais e o uso de peças não homologadas. Também foram destacados os esforços da Agência para coibir essas práticas por meio de ações fiscais, monitoramento e parcerias com órgãos de segurança pública.
: Cultura de Segurança Operacional
Com contribuições de Gerson Costa, Bernardo Castro e Luciana Carpena, presidente do BGAST, o destacou a importância da governança, da atuação dos Grupos Brasileiros de Segurança Operacional (BAST), compostos por BCAST (Aviação Comercial), BGAST (Aviação Geral), BHEST (Asas Rotativas – Helicópteros) e BAIST (Infraestrutura Aeroportuária), além do engajamento voluntário dos profissionais do setor na promoção da segurança operacional na aviação civil.
: Equipamentos de conectividade via satélite em operações do RBAC 91
Apresentado por Nelson Nagamine, o tratou do uso de dispositivos portáteis de internet durante o voo e os potenciais riscos de interferência em equipamentos de navegação aérea, sob a ótica do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº 91.
Destaques do 2º dia
Palestra: Gestão do Tráfego Aéreo na Região Centro-Oeste
O Tenente Ricardo, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), apresentou os desafios específicos da região de Cuiabá, incluindo limitações de infraestrutura, o impacto das queimadas na visibilidade dos pilotos e iniciativas em curso para ampliar a capacidade operacional do Aeroporto Internacional de Cuiabá.
: Dificuldades de operação na Região Centro-Oeste
Com a participação de Clébio Felipe (ANAC), Marcos Ferreira (Asta Linhas Aéreas), Cristiano Rambo (Rambo Aviação) e Libindo Brandolf (Fênix e Prime Manutenção), o promoveu um espaço de escuta ativa com os operadores, abordando temas como manutenção aeronáutica, operações agrícolas em baixa altura, dificuldades de comunicação via rádio e avanços nos processos eletrônicos da ANAC que facilitaram o cotidiano dos profissionais.
Segundo Brandolf, a ANAC tem contribuído significativamente com oficinas e mecânicos: “As facilidades que temos hoje são resultado das dificuldades que já tivemos no ado. A ANAC tem se aproximado dos mecânicos e facilitado processos. Antes, só se podia deslocar uma aeronave com autorização prévia da ANAC. Agora, por meio dos sistemas eletrônicos disponibilizados, é possível solicitar o translado de forma digital, o que automatiza e agiliza a manutenção”, destacou.
Palestra: A segurança começa no registro de manutenção
Leonardo Carrera, coordenador de Operadores de Transporte Aéreo da ANAC, reforçou a importância de registros técnicos detalhados e precisos sobre as manutenções realizadas, essenciais para garantir a aeronavegabilidade e a segurança das operações.
: Como implementar uma Cultura de Segurança Operacional
Com participações de José Affonso Penna (ANAC), Josemar Trampusch (Abelha Táxi-Aéreo), Agadir Mossmann (Mossmann) e Elivelto Souza (União Táxi Aéreo), o discutiu medidas práticas de prevenção de acidentes em operações aerogrícolas, relatórios de prevenção (RELPREV) e a importância da saúde mental dos profissionais que atuam no campo e na lavoura.
Palestra: Segurança não se endossa no automático
Pedro Di Donato, gerente de Normas da ANAC, abordou tópicos regulatórios, como endossos para pilotos, novos procedimentos digitais (CIV Digital, CMA) e a revisão das exigências para pilotos agrícolas. Também destacou as iniciativas da Agência para simplificar processos e aprimorar a segurança.
Encerramento e destaques do 3º dia
Palestra: Tratamento de RELPREV na Azul Conecta
Maurício Alves, coordenador de Segurança Operacional da Azul Conecta, compartilhou a experiência da companhia na utilização dos Relatórios de Prevenção (RELPREV) para monitorar riscos, implementar barreiras de mitigação e adotar sistemas que ampliam a eficiência e fortalecem a cultura de segurança operacional.
: Excursão de pista
Moderado por Vinicius Figueiredo (ANAC), o contou com a participação de Clébio Felipe e Leonardo Carrera (ANAC), Maurício Alves (Azul Conecta), Gislaine Medina (SGSO de Três Lagoas – MS) e Nayara os (SGSO de Rio Verde – GO). Os participantes discutiram os desafios de infraestrutura em aeródromos regionais e o papel da comunicação e da gestão de riscos na prevenção de eventos críticos, como excursões de pista.
Compromisso com a segurança
A Semana Safety – Etapa Cuiabá demonstrou o compromisso da ANAC com a escuta ativa dos operadores regionais e a construção de soluções integradas para fortalecer a segurança operacional em todas as frentes — na aviação do campo e da cidade. A troca de experiências e o debate franco entre reguladores, operadores e técnicos reforçam a missão da Agência de promover uma aviação civil segura, eficiente e colaborativa.
A próxima etapa da Semana Safety será realizada em São Paulo (SP) e será divulgada em breve nos canais oficiais da ANAC.
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