
A Força Aérea Brasileira (FAB) celebra hoje (06/03) os 50 anos da chegada das primeiras aeronaves de caça Northrop F-5 Tiger II. As três unidades iniciais, do modelo F-5B, decolaram de Palmdale (EUA) em 6 de março de 1975, realizando seu primeiro pouso em território nacional na Base Aérea de Belém (BABE).
Após percorrerem aproximadamente 6.200 milhas náuticas e mais de 12 horas e 30 minutos de voo, efetuaram o pouso final na Base Aérea do Galeão (BAGL) em 13 de março de 1975.
A chegada do F-5 e o início de uma nova era
Diante das novas demandas operacionais e da necessidade de modernização da frota de combate, em 1975 o Governo Federal adquiriu 42 caças F-5, sendo 36 unidades da versão E (monoplace, para um piloto) e seis do modelo B (biplace, para dois tripulantes). A incorporação desses caças representou um avanço significativo na defesa aérea do país.
Com duas turbinas a jato e capacidade de ultraar a velocidade do som, os F-5 ampliaram substancialmente a capacidade de combate da FAB, sobretudo pela continuidade das operações aéreas e pelo aumento do alcance com o reabastecimento em voo—capacidade inédita introduzida com os novos “Tigres”. O 1º Grupo de Aviação de Caça, sediado na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), foi a unidade responsável por recebê-los e desenvolver sua doutrina operacional.
Em 1988, os F-5B foram desativados e um segundo lote, com 22 F-5E e quatro F-5F, foi adquirido da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Em 2008, um terceiro lote, desta vez de 11 aeronaves da Real Força Aérea da Jordânia, foi incorporado, consolidando o ciclo de modernização da frota iniciado nos anos 2000.
Processo de modernização: afiando as garras do “Tigre”
Com design ágil, grande capacidade de manobra, baixo custo operacional e manutenção simplificada, o F-5 tornou-se um dos caças mais bem-sucedidos da aviação militar mundial, operado por mais de 20 países e testado em diversos conflitos. No entanto, para acompanhar a evolução tecnológica e manter a FAB na vanguarda regional, foi iniciado um processo de modernização no início dos anos 2000.
Essa modernização, conduzida em parceria com a EMBRAER e a AEL Sistemas (subsidiária da israelense Elbit), elevou os “Tigres” ao patamar de caças de 4ª geração. O pacote incluiu enlace de dados (datalink), suíte de armamentos modernos com mísseis além do alcance visual (BVR – beyond visual range), novo radar de bordo, digital, conceito de mãos na manete e no manche (HOTAS – hands on throttles and stick) e capacete com display integrado (HMD – helmet mounted display), entre outras melhorias.
O 1º Esquadrão do 14º Grupo de Aviação, Esquadrão Pampa, sediado na Base Aérea de Canoas (BACO), foi a unidade responsável pela adaptação doutrinária e logística desse salto tecnológico.
O F-5 Tiger II e a soberania do espaço aéreo brasileiro
Após o processo de modernização, o F-5 ou a ser designado F-5M ou, de maneira descontraída pelos pilotos, “Mike”. Ao longo de seus 50 anos de trajetória e mais de 300 mil horas de voo, operando atualmente nas cores do 1º Grupo de Aviação de Caça e do Esquadrão Pampa, a aeronave sempre se mostrou pronta para as mais diversas missões em todo o território nacional.
O F-5 teve participações destacadas em grandes exercícios internacionais, como a Red Flag (Base Aérea de Nellis, EUA), Salitre (Base Aérea de Cerro Moreno, Chile) e Cruzeiro do Sul (Base Aérea de Natal, Brasil), além de desempenhar papel crucial na segurança de grandes eventos nacionais, como a Copa do Mundo de 2014.
A importância do F-5 para a FAB é incontestável. O “Tigre” foi essencial para a consolidação da aviação de caça moderna no Brasil, influenciando gerações de pilotos e aprimorando táticas, técnicas e procedimentos de combate. Seu legado de inovação e excelência segue inspirando o adestramento de novos combatentes, garantindo que a FAB permaneça sempre preparada para cenários reais de defesa aérea.
Ao celebrar 50 anos de operação, a FAB não apenas exalta a trajetória do F-5, mas também reconhece seu impacto duradouro na aviação de caça nacional. Olhando para o futuro, a Força Aérea se prepara para novos desafios, mantendo o espírito e a qualidade operacional que o F-5 ajudou a consolidar ao longo dessas cinco décadas.
A história contada por quem a viveu
Para o Brigadeiro do Ar Teomar Fonseca Quírico, atual presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC) e um dos primeiros pilotos a realizar o curso operacional do F-5 nos Estados Unidos em 1974, viver essa experiência foi um privilégio.
“Há 50 anos, tive a honra de fazer parte da primeira esquadrilha de F-5 que decolou de Palmdale rumo ao Brasil, marcando um novo capítulo na história da Força Aérea Brasileira. Com orgulho, vimos o ‘Tigre’ revolucionar nossas doutrinas e consolidar a FAB como uma Força Aérea de excelência. Hoje, celebramos não apenas o ado, mas a contínua evolução da nossa Aviação de Caça. Senta a Púa, Brasil!”, declarou o Oficial-General.
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