
As três maiores associações de pilotos de linha aérea enviaram uma carta para o CEO da Airbus, alertando para os riscos de operação de um só piloto em grandes aviões. A carta assinada pela ALPA, a Associação de Pilotos de Linha Aérea dos EUA, pela ECA, Associação Europeia de Cockpit, e a IFALPA, a Associação Internacional de Pilotos de Linha Aérea, é dirigida a Guillaume Faury, CEO da Airbus.
O executivo está à frente da fabricante aeronáutica mais empenhada na automação de jatos comerciais, trabalhando hoje com a implementação de um sistema de decolagem autônoma nos jatos A350XWB. A Airbus, porém, sempre afirma que a medida é para diminuir a carga de trabalho dos dois pilotos requeridos para a operação do jato, e não para certificar o avião para operação single pilot, onde apenas um piloto é necessário.
Neste sentido, as associações alertaram Faury sobre o risco que existe nesta automação de alto nível, citando o problema da Microsoft e da CrowdStrike, que gerou tela azul em vários sistemas na semana ada, gerando um caos global, inclusive nas companhias aéreas:
Leia a carta na íntegra, abaixo:
O recente colapso tecnológico da CrowdStrike causou estragos na indústria da aviação, levando ao cancelamento de centenas de voos e deixando milhares de ageiros e membros da tripulação presos.
Esse fiasco causou imensos transtornos, inconveniências e perdas financeiras.Felizmente, a segurança e proteção das operações das aeronaves não foram afetadas, mas a lição aqui é a certa falibilidade da tecnologia e a necessidade de considerá-la como um auxílio aos profissionais humanos e às operações monitoradas das companhias aéreas, em vez de substituição.
Em uma indústria crítica para a segurança, onde os ageiros esperam que a segurança esteja sempre em primeiro lugar, solicitamos respeitosamente que reconsidere sua estratégia atual em torno das operações com um único piloto e busque uma estratégia que combine a melhor tecnologia que temos com a resiliência e segurança de dois pilotos na cabine de comando.
É assim que criamos o histórico de segurança que temos hoje. Apesar dos avanços na tecnologia, os sistemas operacionais – especialmente na aviação – devem ter redundâncias.
A característica de segurança mais crítica em cada voo continua sendo dois pilotos bem treinados e descansados na cabine durante todas as fases do voo. Os avanços tecnológicos podem e têm aprimorado a segurança da aviação, mas para manter e aprimorar nosso nível atual de segurança, a tecnologia sozinha nunca substituirá o papel indispensável de dois pilotos na cabine de comando.
Conforme discutido em nossa reunião no ano ado, pilotos profissionais e fabricantes de aeronaves têm o dever compartilhado de proteger nossos ageiros e membros da tripulação. As organizações de pilotos signatárias desta carta não renunciarão a esse dever, nem hesitarão em demonstrar liderança para alcançá-lo.