
Um incidente envolvendo um Boeing 737 MAX 9 da United Airlines foi causado por um processo de taxiamento extremamente longo seguindo de uma decolagem abortada.
Em um relatório final divulgado nesta quarta (26) pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), o voo UA329 da United Airlines, com destino a Boston, teve a decolagem abortada após apresentar aceleração anormal na pista 16R do Aeroporto Internacional de Denver, Colorado.
Segundo o documento, um incêndio subsequente nos freios causou danos substanciais à aeronave, embora nenhum ageiro ou membro da tripulação tenha se ferido.
Antes do embarque, o comandante e o copiloto revisaram o plano de voo, os documentos de manutenção, as condições meteorológicas e os NOTAM. Nessa ocasião, o comandante constatou que a aeronave havia acabado de ar por uma manutenção.
Com a previsão de operar próximo ao peso máximo para decolagem e enfrentar temperaturas elevadas num aeroporto de alta altitude, a escolha da pista 16R – a mais longa do aeroporto, com 4.877 metros de extensão – foi definida para as partidas do dia.
Durante a preparação, a tripulação percebeu que o peso registrado no portão (172.800 libras ou 78.380 kg) excedia o limite seguro para aquela pista (171.700 lbs ou 77.881 kg), considerando as condições atmosféricas presentes.
Em contato com a central de despacho da companhia aérea, descobriu-se que o plano de voo original havia sido elaborado com base em uma temperatura de 29°C, que posteriormente subiu para 31°C.
Entre três revisões enviadas, a primeira removeu 1.000 lbs (453 kg) de carga, mas não foi suficiente. A segunda eliminação de mais 1.000 lbs, através da retirada de oito ageiros, e uma terceira revisão, que previu um táxi prolongado para queimar cerca de 1.000 lbs de combustível excedente, foram as medidas adotadas para ajustar o peso para a decolagem.
Após um pushback normal, a aeronave realizou um táxi “lento e longo” com potência elevada e frenagens adicionais para reduzir o peso, mantendo o freio de estacionamento (espécie de freio de mão) por 10 a 15 minutos.
Os pilotos relataram que não houve indicação de aquecimento dos freios, embora o Boeing 737 MAX utilizado não possua sistema de monitoramento de temperatura dos freios, diferentemente de outros modelos da fabricante.
Com o peso dentro dos limites, a equipe informou à Torre de Controle e recebeu autorização para decolagem. No entanto, durante a corrida para decolagem, o comandante, que pilotava a aeronave, notou que a aceleração não estava ocorrendo normalmente e abortou imediatamente a decolagem.
O copiloto informou à torre, que identificou fumaça e fogo no lado direito da aeronave. O comandante acionou a equipe de resposta a emergências (bombeiros de aeródromo) e declarou emergência junto ao controle de tráfego aéreo.
Os bombeiros combateram o incêndio aplicando retardante de fogo nas rodas principais, enquanto o copiloto seguia o checklist de decolagem abortada. Em seguida, o comandante coordenou com os comissários de bordo para garantir a evacuação segura dos ageiros, que desembarcaram pelas escadas de emergência e foram transportados por ônibus até o terminal.
A investigação pós-acidente identificou danos significativos: os pneus 1 e 2 estavam desinflados, os pneus 3 e 4 se desprenderam parcialmente da montagem da roda, causando impactos na fuselagem; a montagem da roda 3 teve cerca de um terço da estrutura perdida e a da roda 4 foi reduzida à metade.
Além disso, partes dos painéis da carenagem entre a asa e o corpo (WTB) sofreram danos térmicos, com detritos de pneus embutidos em componentes acústicos, e o estabilizador horizontal direito também apresentou danos estruturais.
O relatório concluiu que a causa provável do incidente foi o superaquecimento dos freios, decorrente do táxi prolongado com potência elevada, utilizado para queimar o excesso de combustível e atingir o peso adequado para decolagem, o que culminou em um incêndio nas rodas durante a operação. Você pode conferir o relatório final na íntegra e em inglês clicando aqui.