
Um julgamento muito aguardado sobre a polêmica compra de um avião presidencial e equipamentos militares em 2014 teve início no Tribunal de Apelação de Bamako, no Mali. No dia 24 de setembro, o tribunal reafirmou sua autoridade para prosseguir com os trâmites legais, desconsiderando objeções processuais levantadas pelos advogados de defesa, segundo o site de notícias Maliweb.
Vários ex-ministros do Mali e altos oficiais militares estão sendo julgados com a acusação de desviar milhões de dólares da compra de um Boeing 737-700 BBJ, de matrícula, TZ-PRM, que pertence ao governo da República do Mali e atualmente está em reparo, após ser incendiado em um ataque ocorrido no dia 17 de setembro pelo grupo terrorista Jama’at Nusrat al-Islam wal Muslimeen (JNIM), da Al-Qaeda.
As acusações envolvem um roubo de cerca de US$ 49,5 milhões com o avião presidencial e aproximadamente US$ 117,8 milhões em equipamentos militares, ambos supostamente adquiridos sem licitação competitiva. Essas transações geraram sanções financeiras por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), incluindo uma suspensão temporária de desembolsos.
O ex-primeiro-ministro Soumeylou Boubèye Maïga, que ocupava o cargo de ministro da Defesa na época, foi detido em 2021. Ele sempre manteve sua inocência, mas veio a falecer enquanto estava preso em março de 2022, levando à anulação das acusações contra ele.
Entretanto, 11 outras pessoas, incluindo o ex-ministro das Finanças Bouare Fily Sissoko e o ex-chefe de gabinete Mahamadou Camara, enfrentam acusações de fraude, falsificação e nepotismo. Vários dos acusados estão fora do Mali e enfrentam mandados de prisão internacional.
Durante a audiência em 24 de setembro, a defesa solicitou a convocação de duas testemunhas, os ex-primeiros-ministros Oumar Tatam Ly e Moussa Mara. Contudo, o tribunal rejeitou esse pedido, permitindo apenas que três oficiais do Ministério da Defesa prestassem depoimento.
Apenas Sissoko, Camara e o Brigadeiro General Moustapha Drabo, ex-diretor de equipamento, finanças e transporte das Forças Armadas do Mali, compareceram ao tribunal.
O desfecho deste caso é de grande importância tanto para o Mali quanto para a comunidade internacional, pois as acusações de corrupção e má gestão de recursos públicos têm repercussões significativas nas finanças do país e na sua reputação perante entidades financeiras globais. A expectativa é que o julgamento traga luz a uma das maiores controvérsias da istração pública recente em Mali.