
No dia 20 de setembro, diversos internautas notaram um voo incomum de um Boeing 747-300SF sobrevoando a América do Sul. A aeronave, registrada como EW-465TQ, é operada pela companhia aérea bielorrussa TransAvia Export. Este Jumbo é uma raridade nos céus, especialmente devido ao histórico de sanções e à sua rota pouco convencional.
A aeronave partiu de Minsk, na Bielorrússia, sob o voo TXC-7711, pousando em Djerba, na Tunísia, após evitar o espaço aéreo da União Europeia. Em seguida, continuou para Caracas, na Venezuela, um destino frequente em razão das relações políticas e econômicas entre Bielorrússia, Rússia e Venezuela.
Após uma breve estadia em Caracas, decolou rumo a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde aterrissou por volta das 22h, horário local, informou o Aviacionline.
O EW-465TQ, com 34 anos de idade, é o último Boeing 747-300 construído. Entregue em 1990 à companhia aérea belga SABENA como avião de ageiros, foi convertido em cargueiro no ano 2000 e operado por diversas companhias aéreas, incluindo Atlas Air e Polar Air Cargo nos Estados Unidos, além da Air Atlanta Icelandic. Em 2014, foi adquirido pela AirBridge Cargo e, posteriormente, pela Aquiline International, sediada nos Emirados Árabes Unidos, antes de ser comprado pela TransAvIA Export.
Este Boeing 747 foi sancionado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos em dezembro de 2021, acusado de transportar cargas bélicas para zonas de conflito, como a Líbia.
Conexão do Boeing 747 bielorrusso com a América do Sul
Esta não é a primeira vez que o EW-465TQ visita a América do Sul. No início de 2024, fez uma rota semelhante para chegar a Lima, no Peru, transportando peças para helicópteros russos da Força Aérea do Peru.
Durante a pandemia de COVID-19, em 2020, este Boeing 747 teve um papel fundamental na logística de transporte de vacinas e produtos farmacêuticos entre a China e países como Argentina, Brasil e Venezuela. Em 2022, a aeronave voou para Guarulhos, em São Paulo, e, em seguida, partiu para Luanda, em Angola, com o objetivo de transportar armamentos.
Este último voo gerou diversas especulações sobre o motivo da visita à Bolívia, incluindo a possibilidade de entrega de peças de reposição para a Força Aérea Boliviana (FAB), embora a FAB não tenha aeronaves de fabricação russa em sua frota.
Outra hipótese sugere o transporte de materiais de ajuda para combater os incêndios florestais que devastaram mais de 4 milhões de hectares na Bolívia. O governo boliviano tem pedido insistentemente ajuda internacional, dada a magnitude dos incêndios.
Além disso, o EW-465TQ enfrenta dificuldades operacionais em voos internacionais devido às sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia. O caso do Boeing 747-300M da Emtrasur, anteriormente de propriedade da iraniana Mahan Air, serve de exemplo. Esse avião foi apreendido na Argentina em 2022 e permaneceu retido por quase dois anos em Ezeiza, antes de ser enviado aos Estados Unidos para desmantelamento em fevereiro de 2024, após intervenção das autoridades americanas.
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