
As investigações sobre o acidente em território americano envolvendo um antigo avião Antonov An-2 registrado em Cuba indicam que a falta de familiaridade do piloto com a aeronave levou à perda de potência e a um pouso forçado, resultando em danos significativos à aeronave. O acidente ocorreu após o piloto falhar em ativar o sistema de resfriamento de óleo, o que causou o superaquecimento do motor.
Com origem no aeroporto de Sancti Spiritus, em Cuba, o An-2 foi originalmente pilotado por um indivíduo que buscava asilo nos Estados Unidos. O avião chegou no Aeroporto Dade-Collier, na Flórida, onde foi apreendido pelos agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.
Três semanas depois, a aeronave foi transferida a um subcontratado nos EUA, que deveria ser capaz de transportar a aeronave para Fort Lauderdale, em 14 de novembro de 2022. Foi quando aconteceu o acidente.
O cockpit do An-2 continha instrumentos etiquetados em cirílico (alfabeto russo), e o piloto possuía apenas “trechos parciais” de um manual de voo em espanhol, que havia obtido de um amigo na Argentina.
Segundo o Conselho Nacional de Segurança de Transportes dos EUA (NTSB), “o piloto não sabia se se tratava de um manual oficial“, e o material descrevia a velocidade em unidades imperiais, enquanto os instrumentos da aeronave estavam marcados em sistema métrico.
Apesar de ter recrutado um co-piloto para ajudar a traduzir os instrumentos para o espanhol, nenhum dos dois possuía experiência de voo prévia no An-2. A aeronave estava equipada com um sistema de resfriamento de óleo com cortinas que podiam ser abertas através de interruptores no cockpit, além de flaps de cobertura para resfriamento do motor.
Embora o piloto tivesse realizado inspeções e testes de motor em três ocasiões, não utilizou uma lista de verificação. Ele notou que o indicador de temperatura da cabeça do cilindro, que poderia alertá-lo sobre o superaquecimento do motor, estava inoperante.
Quando questionado se tinha as linhas de resfriamento do óleo abertas durante o voo que resultou no acidente, ele indicou que poderia tê-las fechado, e não conseguia lembrar como elas eram operadas, nem onde ficava o interruptor do resfriador de óleo.
Após decolar do Dade-Collier em uma temperatura de 28°C, o piloto percebeu que o An-2 estava emitindo uma quantidade anormal de fumaça e, cerca de 20 minutos após a decolagem, o motor começou a perder potência.
O avião desceu e o piloto tentou pousar em um estreito dique a oeste do Aeroporto Miami Opa Locka. Ao tocar o solo, o An-2 rolou por uma encosta, tombou e ficou invertido na água e na vegetação. Apesar dos danos substanciais à aeronave, nenhum dos ocupantes ficou ferido.
A análise dos destroços revelou que as cortinas de resfriamento estavam fechadas, resultando no superaquecimento do motor e na perda de potência. Investigadores afirmaram que o piloto não se familiarizou adequadamente com os sistemas do An-2 e que a decisão de voar com um indicador de temperatura da cabeça do cilindro inoperante impediu que ele monitorasse o aumento de temperatura do motor.
Esses achados ressaltam a importância da familiarização com os sistemas da aeronave e a necessidade de seguir protocolos de segurança para garantir a proteção das operações aéreas.