
A situação financeira da Azul Linhas Aéreas continua delicada, e a Bloomberg divulgou que a empresa avalia inclusive uma Recuperação Judicial nos EUA.
A chamada Chapter 11 permite que a empresa não pague dívidas que estão a vencer ou vencidas, enquanto se reorganiza internamente. Por ser listada na Bolsa de Valores de Nova York, ela pode fazer isso nos EUA, onde a segurança jurídica é maior e o processo é mais rápido.
Na concorrência, a GOL e a LATAM optaram por esta modalidade para recuperarem o caixa após a Pandemia, porém a Azul sempre optou por evitar a mesma, para dar um sinal de fortalecimento para o mercado, mas o efeito foi o contrário. As ações da Azul na Bovespa chegaram a bater R$40 no meio de 2021, um número não distante do recorde de R$60 atingido pouco antes do início da crise sanitária.
Porém, desde então as ações voltaram a cair, e hoje estão em R$5,44, uma redução de 88% nos últimos três anos, e apenas nesta quinta-feira, 29, os papéis da Azul despencaram 24%.
O principal motivo desta queda é uma reportagem da Bloomberg, que afirma que a Azul está analisando possíveis caminhos para reestruturação de dívida, que “vão desde uma oferta de ações a um pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos, pelo Chapter 11, enquanto luta para cumprir obrigações de dívida com vencimento iminente”.
Citando fontes próximas da companhia aérea e do Citigroup, que seria o banco para assessoria na potencial oferta de ações, a Bloomberg afirma que a Azul quer evitar ao máximo a entrada em Recuperação Judicial na Corte de NY, mas seria um caminho caso não seja factível a oferta de ações ou até a emissão de novos títulos da dívida, que seriam feitos através da Azul Cargo.
Tanto a companhia aérea como o banco americano não comentaram o assunto. Já a fusão da GOL é vista como uma saída para tentar convencer credores nas renegociações da dívida, já que a junção com a concorrente fortaleceria a posição da Azul no mercado doméstico e internacional, principalmente pelo Abra Group, controlador da concorrente.
Por outro lado, como a potencial fusão com a GOL não aconteceria tão cedo, já que a concorrente está no meio do seu processo de Chapter 11 que no momento impede negociações de investimento ou take-overs (compra), a Azul pode não ter como esperar esta transação, que não é garantida de ocorrer por vários fatores, dentre eles a análise antitruste do CADE.
Diante das notícias de hoje e da demora da Azul nas novas ofertas de renegociação, os detentores da dívida da Azul, os chamados bondholders, contrataram a PJT Partners para ser o assessor financeiro dos credores durante o eventual Chapter 11, como apurou o Pipeline, da revista Valor Econômico.
A revista também cita o fato de que, como a Azul Cargo não é um negócio separado da Azul, e sim um dos seus produtos, como a Azul Viagens, será mais difícil colocar a divisão cargueira como garantia e envolver os seus ativos.