
Um voo da Icelandair saindo de Keflavik no início desta semana foi forçado a retornar ao aeroporto após a detecção de uma falha no sistema anti-gelo, responsável por evitar que o gelo se acumule nas asas da aeronave.
De acordo com o The Aviation Herald, o Boeing 757-200 de matrícula TF-ISJ voava de Keflavik a Bruxelas na segunda-feira, 18 de novembro de 2019, quando a falha foi notada a aproximadamente 20.000 pés de altitude (~6.600 metros).
O voo retornou a Keflavik com segurança, sem preocupações para ageiros ou tripulantes. Eles foram transportados para Bruxelas em um avião substituto, chegando com cerca de 3 horas de atraso.
A aeronave parece ter permanecido no solo por alguns dias, mas já retornou ao serviço com um voo entre Keflavik e Munique.
O gelo pode ocorrer quando uma aeronave sobe
O congelamento das asas pode ocorrer quando, em sua subida, uma aeronave a através de gotículas de água super-resfriadas (quando a temperatura já desceu abaixo do ponto de congelamento, mas a água ainda permaneceu líquida ao invés de congelar). O contato com a superfície da aeronave faz com que as gotículas imediatamente virem gelo, formando uma camada congelada.
Isso é um problema porque o acúmulo altera a forma da asa e pode também aumentar o peso da aeronave. Essas deformações resultam num aumento do arrasto e na redução da sustentação. No pior cenário, o ar pode não fluir sobre a superfície superior da asa, o que leva a um grave problema aerodinâmico.
Segundo a Scientific American, o gelo é um fator contribuinte em 9,5% de todos os acidentes fatais de aeronaves, com larga concentração em aeronaves de pequeno porte.

Como o gelo é evitado e gerenciado
Como parte de um conjunto abrangente de medidas de anti-gelo, as aeronaves modernas possuem sistemas que aquecem a parte da frente das asas, o que faz com que o gelo derreta e caia. A maioria dos aviões a jato grandes, como o 757 da Icelandair, sopra o ar quente do motor para tubos que am através de zonas vulneráveis da aeronave, como asas, cauda e entradas de ar do motor. Existem pequenos furos na superfície da asa, que expelem o ar aquecido.
Embora as aeronaves modernas já possuam sistemas de detecção de gelo, a confiança ainda é depositada em verificações visuais, tanto a bordo quanto no solo. Novas tecnologias estão surgindo que podem detectar o momento exato em que o gelo começa a se formar em uma asa. Os sensores poderão detectar quando a água toca as asas e congela, além de medir a espessura do gelo à medida que cresce.
Tudo isso para evitar que o sistema anti-gelo precise ficar ativo durante todo o voo, uma vez que isso representaria um maior custo operacional para a empresa aérea.

Provavelmente o caso mais famoso dos últimos tempos envolvendo aeronaves e gelo foi o acidente do voo da Air entre o Rio de Janeiro e Paris, em junho de 2009. Nesse caso, ocorreu um excesso de gelo nos sensores de velocidade, fazendo com que o piloto automático se desligasse. Os pilotos então cometeram uma série de erros, resultando em um estol e na queda da aeronave.
Este incidente, entretanto, ocorreu em uma altitude elevada e em um conjunto diferente de circunstâncias ao do incidente da Icelandair na segunda-feira. Mas vale a menção apenas para destacar o fato de que gelo e aeronaves não se misturam. Os pilotos são treinados para lidar com situações assim.