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Nova Delhi, Índia – A Airbus e a Embraer não estão sozinhas na disputa por uma nova encomenda de jatos de corredor único e menor porte da Ethiopian Airlines.
A maior companhia aérea da África negocia, há mais de um ano, a aquisição de aeronaves regionais para substituir parte de sua frota de turboélices Dash 8 Q400 (DHC-8-400), fabricados no Canadá. Naturalmente, a concorrência se concentra entre o Airbus A220 e o Embraer E195-E2, os dois jatos regionais de última geração disponíveis atualmente no mercado.
No entanto, a Boeing também entrou oficialmente na disputa. O CEO da Ethiopian Airlines, Mesfin Tasew Bekele, afirmou à Reuters, durante a Assembleia Geral da IATA, que a fabricante americana está oferecendo o 737 MAX 7 — a menor versão da nova geração da família 737. “Estamos avaliando três modelos: o E2 da Embraer, o A220 da Airbus e o 737 MAX 7 da Boeing”, declarou o executivo.
Disputa entre gigantes e um déjà-vu do mercado regional
A entrada da Boeing na concorrência marca um retorno inesperado. A empresa havia praticamente abandonado a tentativa de competir no segmento de jatos regionais após a derrota no processo movido contra a Bombardier, quando esta convenceu a Delta Air Lines a optar pelo então CSeries em vez do 737 MAX 7.
Na época, a Boeing alegou que os subsídios do governo canadense, especialmente da província do Quebec, eram ilegais. A ação foi rejeitada, e o cenário se inverteu: a Airbus adquiriu o programa CSeries da Bombardier, rebatizando-o como A220. O modelo ou a ser fabricado também nos Estados Unidos, e a Delta se tornou uma das principais operadoras da nova aeronave.
Como desdobramento, a Boeing chegou a fechar um acordo para comprar a divisão de aviação comercial da Embraer, o que teria fortalecido sua presença no mercado de jatos regionais. No entanto, a operação foi cancelada durante a crise provocada pelos acidentes com o 737 MAX 8 — incluindo o trágico voo da Ethiopian Airlines —, que abalaram a fabricante americana.
Homogeneidade da frota pode pesar na decisão
Apesar da desvantagem em termos de custo por assento e tamanho para rotas regionais, o 737 MAX 7 pode se beneficiar de uma estratégia de padronização da frota da Ethiopian. A Boeing aposta no argumento de que operar um único fabricante pode reduzir custos operacionais com treinamento, manutenção e peças, o que pode pesar na decisão final da companhia aérea africana.
Por outro lado, tanto o Airbus A220 quanto o Embraer E195-E2 oferecem melhor eficiência em rotas de menor demanda, com custos operacionais mais baixos por hora de voo e desempenho superior em aeroportos menores — características valorizadas em operações regionais.
A Ethiopian Airlines ainda não anunciou uma decisão final, mas o desfecho dessa disputa promete impactar o equilíbrio global entre os três principais fabricantes de aeronaves no competitivo mercado de jatos regionais.