
O Brasil pode, em breve, ter mais um avião militar estrangeiro em sua frota de defesa, desta vez voltando a ser de fabricação italiana.
O Leonardo M346 é uma aeronave russo-italiana, desenvolvida em conjunto inicialmente pela Alenia Aermacchi e pela Yakovlev, da Rússia. Porém, a parceria foi desfeita e cada empresa seguiu o seu caminho no desenvolvimento de um avião de treinamento avançado e caça de ataque leve.
A Aermacchi é a empresa que criou o MB-326, que no Brasil foi feito sob licença pela Embraer, onde recebeu a designação AT-26 Xavante. A partir desta parceria foi criado o consórcio AMX Internacional, que desenvolveu em conjunto o caça de ataque leve AMX.
Equipado com dois motores Honeywell/ITEC F124, o caça tem velocidade máxima de 1.090km/h (Mach 0.95) e pode levar até 3 toneladas de armamentos de uma enorme variedade, distribuídos por 7 pontos em suas asas e fuselagem central.
Ainda em 2022, o então Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Carlos Baptista Júnior, chegou a voar na aeronave a convite da Força Aérea da Itália, dando indícios de que a FAB estaria interessada no avião italiano, reativando a antiga parceria entre a Embraer e a Alenia Aermacchi.
Neste ano, durante o Farnborough International Air Show em Londres, o Ministro da Defesa, José Múcio, foi flagrado pelo portal InfoDefensa visitando a aeronave que estava exposta, ressaltando o interesse no Brasil no jato, que agora foi oferecido oficialmente pela Leonardo ao governo brasileiro como substituto do próprio AMX, que dará baixa nos próximos anos e deixará uma lacuna na força de ataque ao solo, que inclusive é cogitada a ser preenchida pelo americano F-16 Viper.
Agora mais detalhes surgiram desta oferta da Leonardo, com uma reunião entre a Primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o Presidente Lula, programada para o G20 no Rio de Janeiro no próximo mês, onde devem tratar do assunto da compra dos aviões italianos.
A oferta seria para 24 aviões para a Força Aérea Brasileira e mais 6 para a Marinha do Brasil, no caso, substituindo o caça Douglas A-4 Skyhawk (A-1 Falcão). Porém, ao contrário deste último, o M346 ainda não é capaz de operar em porta-aviões.
Esta seria uma preocupação menor da Marinha, já que não existem planos no curto e médio prazo para aquisição de um meio naval que e aeronaves do porte do M346 ou do próprio A-4.
Por outro lado, a Leonardo está participando da licitação da Marinha Americana para substituir o McDonnell Douglas T-45 Goshawk (BAE Hawk) como aeronave de treinamento embarcado para os novos oficiais aviadores da Marinha e dos Fuzileiros.
A oferta do grupo italiano é para uma versão modificada do M346 para operações em navios, mas esta licitação ainda está na fase de levantamento de informações e deverá ser concluída apenas em 2028.
O M346 hoje já poderia atuar nas funções do A-4 da Marinha, já que é capaz de fazer lançamento de bombas burras e inteligentes, disparar mísseis ar-ar e ar-terra, e também com um diferencial extra: o lançamento de mísseis anti-navio Marte (antigo SeaKiller), da MBDA, algo que o A-4 hoje não consegue fazer e que forneceria uma força adicional essencial para a Marinha do Brasil hoje, que é limitada ao uso de helicópteros para ataques aéreos contra embarcações utilizando mísseis guiados.