
A saída do Reino Unido da União Europeia, conhecido como Brexit, trouxe consequências significativas para diversos setores, e o de aviação não é exceção. Uma das repercussões mais evidentes tem sido a crescente complexidade e os custos adicionais relacionados à manutenção de aeronaves, como informa o Aviacionline.
Essa situação se torna particularmente crítica para a One Air, o último operador britânico a realizar voos de carga com seus Boeing 747-400.
Com o Brexit, muitas licenças de aviação do pessoal britânico deixaram de ser reconhecidas na UE. Isso criou um entrave para as instalações de manutenção certificadas no Reino Unido, que agora enfrentam dificuldades para receber aeronaves de operadores europeus e vice-versa.
Chris Hope, CEO da One Air, declarou que a ausência de reconhecimento mútuo das licenças entre o Reino Unido e a UE elevou de forma alarmante os custos operacionais da companhia.
“Nos primeiros sete meses deste ano, tivemos que contratar dois trabalhos de manutenção nos Estados Unidos”, afirmou Hope ao The Guardian. “Essa decisão resultou em um acréscimo de cerca de $500 mil por avião, devido principalmente ao aumento dos tempos de trânsito e das emissões associadas.”
Os desafios provocados pelo Brexit não param por aí. A manutenção diária dos Boeing 747 da empresa também enfrentou complicações, já que os componentes instalados nas aeronaves britânicas precisam agora ser aprovados pelas autoridades do Reino Unido ou estar cobertos pelos acordos entre o Reino Unido e os EUA. Essa mudança regulatória restringiu severamente as opções da One Air para realizar a manutenção de sua frota no país ou dentro da União Europeia.
A One Air, que realizou seu voo inaugural em 24 de julho de 2023, transportando 100 toneladas de carga de Jinan, na China, para Londres, vem operando voos charter regulares entre a Ásia e a Europa, além de serviços globais ad hoc.
Entre os principais marcos no primeiro ano de operações, destaca-se a adição de um segundo Boeing 747-400F à frota em novembro, atendendo à crescente demanda de carga oriunda da China e Hong Kong para a Europa. A escolha do aeroporto de East Midlands como base operacional também trouxe vantagens, oferecendo à companhia maior disponibilidade de horários e menos restrições para voos noturnos.
Apesar do cenário desafiador, Chris Hope se mostra otimista quanto a possíveis mudanças sob o novo governo laborista do Reino Unido. O Ministro de Assuntos Exteriores, David Lammy, confirmou que há planos para abordar as dificuldades enfrentadas pelas companhias aéreas e renegociar aspectos da relação do Reino Unido com a UE. Essas movimentações podem, eventualmente, aliviar algumas das cargas regulatórias que atualmente pesam sobre a One Air e outros operadores britânicos.