
Lisboa não descartou a possibilidade de uma futura aquisição do Lockheed Martin F-35A, apesar dos comentários recentes de seu ministro da Defesa, conforme indica um alto oficial da Força Aérea portuguesa, como informa o FlightGlobal.
O Major-General João Nogueira, diretor da diretoria de manutenção de sistemas de armamento da força, comentou sobre a situação atual do F-16, afirmando: “Estamos em um momento decisivo em relação ao futuro da plataforma.”
Embora o F-16 esteja em boas condições, com a mais recente evolução de software e pronto para operações, Nogueira alertou que a aeronave enfrentará mais problemas no futuro, principalmente relacionados ao envelhecimento das estruturas e à aviação. Isso aumenta a pressão sobre a força aérea para manter o mesmo nível de desempenho operacional.
“Cada mês ou ano que perdermos atrasará a introdução da aeronave que substituirá o F-16, então estamos em um momento crítico para tomar decisões”, disse Nogueira a jornalistas em sua sede em Lisboa no dia 26 de março.
Atualmente, Portugal opera 21 caças F-16A e quatro treinadores do modelo B, com idades que variam entre 30 e 41 anos. Quatro destes caças serão enviados para a Estônia a partir de abril para participar da missão de Policiamento Aéreo da OTAN na base aérea de Amari.
Nogueira ressaltou a importância da participação de Portugal em grupos como a Força Aérea Europeia Parceira (EPAF) e o Programa de Caça Multinacional em relação ao F-16.
“Esses programas foram cruciais para nós, pois, em relação a modificações, manutenção e peças, havia muita familiaridade e engajamento entre as nações, permitindo compartilhar custos e ideias.” Ele também observou que os parceiros da EPAF – Bélgica, Dinamarca, Países Baixos e Noruega – já estão mudando para uma nova plataforma, com todos eles adquirindo o F-35A para substituir suas frotas de F-16.
“O F-35 é de quinta geração, e isso é um o importante que precisamos considerar”, afirmou Nogueira, reiterando que a Força Aérea está avaliando outras opções. Ele indicou que existem prós e contras que devem ser analisados e apresentados aos políticos, com as informações necessárias para a tomada de decisão.
Os comentários de Nogueira seguem uma entrevista do ministro da Defesa português, Nuno Melo, no início de março, sugerindo que, apesar do interesse de longa data pelo F-35, Lisboa poderia considerar outras opções em razão da “posição recente dos Estados Unidos, no contexto da OTAN e no nível geoestratégico internacional”.
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi bastante crítico em relação a países europeus com baixos gastos em defesa — um grupo que inclui Portugal.
De acordo com projeções da OTAN, Lisboa deve comprometer cerca de US$ 4,6 bilhões com defesa em 2024, um aumento em relação aos US$ 4,2 bilhões do ano anterior e aos US$ 3,6 bilhões de 2022, mas isso representará apenas 1,55% do PIB nacional, bem aquém da meta sugerida de 2% da aliança. Durante a última Cúpula da OTAN, Portugal se comprometeu a aumentar os gastos e atingir a meta de 2% até 2029.
Caso Lisboa decida não seguir com a ordem do F-35A, terá uma trio de opções europeias a considerar: o Dassault Aviation Rafale, o Eurofighter Typhoon e o Saab Gripen E, enquanto a Lockheed também produz o F-16 padrão Block 70/72.
Enquanto isso, Nogueira confirmou que Portugal espera receber o primeiro de 12 Embraer A-29N ainda este ano, que serão usados principalmente em funções de treinamento avançado.