
Durante a reunião anual de acionistas em 15 de abril, o CEO da Airbus, Guillaume Faury, informou que o fabricante ainda está tentando avaliar o impacto de possíveis tarifas impostas pelos EUA e as respostas dos outros países sobre seus negócios, além de ponderar o que o conflito comercial pode significar para a demanda futura por aeronaves e planos de produção a partir de 2025.
Faury descreveu o ambiente para a Airbus como “complexo e em rápida mudança”, mencionando especificamente a decisão da China de não permitir mais entregas da Boeing para companhias aéreas chinesas. Ele classificou a guerra comercial como um “novo risco” para a Airbus, cuja dimensão e velocidade ainda precisam ser avaliadas.
Faury observou que as tarifas “são impostos de importação, arcados por quem está importando, ou seja, por nossos clientes”, enfatizando que a Airbus está em contato com os clientes para discutir como gerenciar a situação.
Como a Airbus também importa peças aeroespaciais para os EUA para entrega em suas linhas de montagem final em Mobile, Alabama, a fabricante pode se ver “sujeita a tarifas” em alguns casos. As ações de mitigação potenciais incluem a alteração dos destinos de entrega, segundo Faury, que afirmou: “Estamos analisando o que estamos entregando a quem e quando.”
Diversas companhias aéreas estão formando grupos de trabalho internos para avaliar como proceder. Por exemplo, a Lufthansa está considerando registrar novos 787s ainda não entregues na Suíça para evitar tarifas potenciais da União Europeia sobre aeronaves da Boeing.
Apesar do conflito comercial em evolução, Faury destacou que os problemas na cadeia de suprimentos continuam a ser o maior desafio comercial da Airbus. Ele apontou grandes atrasos nas entregas dos motores CFM International Leap 1A, observando que “a CFM está significativamente atrasada”.
A Airbus possui de 25 a 30 aeronaves da família A320neo paradas, aguardando motores, mas espera que esse número diminua significativamente no segundo semestre do ano. Ele recordou 2018, quando modificações necessárias nos motores Pratt & Whitney PW1100G deixaram cerca de 100 aeronaves acabadas aguardando motores até o meio do ano, todas sendo entregues até o final do mesmo ano.
Faury reafirmou que a Airbus planeja lançar um sucessor da família A320neo até o final desta década, com entrada em serviço no segundo semestre da década de 2030. A nova aeronave deve consumir 25-30% menos combustível, principalmente por meio de reduções de peso, novos motores e o uso de asas muito longas e dobráveis.
Ele também indicou que a Airbus tem planos para melhorias em suas aeronaves de longo alcance “que são menos públicas”, mas que seguem na mesma direção de maior eficiência de combustível e uso de combustíveis sustentáveis na aviação. Faury não forneceu mais detalhes sobre essas iniciativas.