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Combustível sustentável de aviação é solução-chave para a transição energética do transporte aéreo, aponta estudo da CNT

O combustível sustentável de aviação, também conhecido pela sigla em inglês SAF (Sustainable Aviation Fuel), é uma denominação utilizada no setor aéreo para descrever combustíveis não convencionais produzidos a partir de recursos renováveis.

Nesse contexto, o SAF é uma das medidas que visa promover a mitigação das emissões causadas pelo setor aéreo. Nos últimos 15 anos, 833 mil voos comerciais em todo o mundo foram operados utilizando SAF, com 69 aeroportos abastecendo regularmente as aeronaves com esse biocombustível.

O Brasil caminha para se tornar referência na produção de SAF na América do Sul, com a previsão de responder por 75% da capacidade produtiva da região nos próximos anos. É o que mostra a mais recente publicação da série CNT Energia no Transporte, lançada na quinta-feira (29) pela CNT (Confederação Nacional do Transporte).

O estudo traz um mapeamento detalhado da produção, das vantagens e dos desafios do SAF, que é uma alternativa ao querosene fóssil de aviação tradicional. O SAF é produzido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais, resíduos orgânicos e biomassa, e dispensa modificações nas aeronaves e na infraestrutura aeroportuária de abastecimento por ser drop-in, ou seja, contém características muito semelhantes aos combustíveis convencionais, não demandando alterações nos sistemas de motor.

Cenário global e a oportunidade brasileira

Atualmente, existem 146 unidades industriais de SAF no mundo, com capacidade combinada de 19 milhões de toneladas por ano, concentradas principalmente na América do Norte, na Europa e na Ásia. Na América do Sul, estão em desenvolvimento sete projetos, sendo quatro no Brasil, dois no Uruguai e um na Colômbia. As plantas brasileiras, previstas para iniciar a operação entre 2026 e 2029, devem produzir 900 mil toneladas anuais, o equivalente a 75% da capacidade da região.

Segundo o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, “o Brasil tem condições especiais para ser protagonista na produção de combustíveis sustentáveis. Com a diversidade de matérias-primas e tecnologias, é possível contribuir, de forma concreta, para a redução das emissões no transporte aéreo”.

Em 2024, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lançaram uma chamada pública para apoiar projetos de biorrefinarias. Foram 76 propostas recebidas, que somam R$ 167 bilhões em investimentos potenciais, sendo 43 projetos focados exclusivamente em SAF, representando R$ 120 bilhões, ou aproximadamente 72% do orçamento total previsto.

Além disso, o estado de São Paulo, em parceria com o governo da Alemanha, iniciou a implantação da primeira planta industrial de SAF do país, com operação prevista para começar neste ano de 2025, produzindo bioquerosene a partir de resíduos da cadeia sucroenergética.

A publicação da CNT reforça que, apesar de o SAF já contar com testes em campo comprovando sua viabilidade técnico-operacional, seu custo de produção é elevado, sua escala industrial é limitada e ainda necessita de avanços regulatórios.

Fontes e tecnologias disponíveis

O país tem um diferencial competitivo expressivo devido à sua vasta oferta de matérias-primas e à diversidade de linhas produtivas de SAF, autorizadas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), conforme descritas a seguir:

SPK-HEFA (Synthetic Paraffinic Kerosene – Hydroprocessed Esters and Fatty Acids): obtido a partir de óleos vegetais e gorduras animais na presença de hidrogênio;

SPK-ATJ (Synthetic Paraffinic Kerosene – Alcohol-to-Jet): sintetizado a partir de álcool, mediante a combinação de moléculas menores em maiores;

SPK-FT (Synthetic Paraffinic Kerosene – Fischer-Tropsch): produzido por meio de uma ou mais matérias-primas, processado com hidrogênio e sintetizado por método químico;

SPK/A (Synthetic Paraffinic Kerosene Fischer-Tropsch with Aromatics): sintetizado a partir de variação de processo químico com a adição de compostos aromáticos;

SIP (Synthesized Iso-Paraffins): sintetizado a partir de açúcares, com a utilização de microrganismos geneticamente modificados;

CHJ (Catalytic Hydrothermolysis to Jet Fuel): obtido sob alta temperatura e pressão, na presença de água e com compostos aromáticos, sendo produzido a partir de óleos vegetais e gorduras animais;

SPK-HC-HEFA (Synthetic Paraffinic Kerosene – Bio-Derived Hydroprocessed Hydrocarbons, Esters and Fatty Acids): produzido a partir de hidrocarbonetos bioderivados da microalga Botryococcus braunii, óleos vegetais e gorduras animais, na presença de hidrogênio.

Produção cresce, mas ainda é insuficiente

O mercado global de SAF cresceu, ando de 600 milhões de litros em 2023 para 1,3 bilhão em 2024, mas isso representa apenas 0,3% da demanda mundial por querosene de aviação. A expectativa é que a produção global atinja 2,7 bilhões de litros em 2025, ainda muito aquém do necessário para a descarbonização efetiva do setor.

Visando potencializar a capacidade produtiva desse combustível, parcerias público-privadas, incentivos econômicos à produção e utilização, além de contínua pesquisa e desenvolvimento, podem impulsionar o avanço da oferta dessa fonte energética para o setor aéreo.

Informações da Confederação Nacional do Transporte

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Com uma paixão pelo mundo aeronáutico, especialmente pela aviação militar, atua no ramo da fotografia profissional há 8 anos. Realizou diversos trabalhos para as Forças Armadas e na cobertura de eventos aéreos, contribuindo para a documentação e promoção desse campo.

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