
No último domingo (3/11), a Força Aérea Brasileira (FAB) deu início, na Base Aérea de Natal (BANT), às atividades do Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX) 2024. A abertura ocorreu com o apronto inicial, no qual o Diretor do treinamento, Brigadeiro do Ar Ricardo Guerra Rezende ministrou briefing sobre as diretrizes e determinações que serão seguidas.
Com uma combinação de destreza operacional e coordenação entre diversas unidades militares, o treinamento, que ocorre até o dia 15 de novembro, reúne 16 países, mais de 3.600 militares e cerca de 100 aeronaves com o objetivo de aprimorar táticas conjuntas e adestramento técnico das Forças Armadas.
A CRUZEX 2024, concebida pelo Comando de Preparo (COMPREP), visa ao amadurecimento doutrinário e à identificação de oportunidades de aperfeiçoamento no processo de preparo das Unidades Aéreas (UAe) e Unidades Aeronáuticas (UAer). Durante o exercício, os participantes enfrentarão uma situação hipotética de Guerra Regular, Regional e Limitada, focando, assim, no cumprimento de ações de Força Aérea.
De acordo com o Comandante de Preparo, Tenente-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic, a CRUZEX é um treinamento fundamental para a Força Aérea Brasileira (FAB), que tem como base o preparo de tripulações, sobretudo com a chegada de novas aeronaves e tecnologias.
“O Exercício é uma oportunidade de estreitar os laços com as nações-amigas participantes e de colaborar com o treinamento de outros países. O próprio planejamento logístico que foi executado já é um treinamento para nós, uma vez que lidamos com o desafio de unir esquadrões e equipes diferentes, durante um período de tempo, na Base Aérea de Natal. Nesse sentido, envolvemos todos os Órgãos de Direção Setorial para coordenarmos o necessário para a execução da CRUZEX, desde o envio de aviões e equipamentos até o apoio para a alimentação dos nossos participantes e, com certeza, teremos muitas lições aprendidas ao final desse processo”, relatou o Oficial-General.
Você sabe o que é Guerra Regular, Regional e Limitada?
A Guerra Regular, também chamada de guerra convencional, caracteriza-se pelo confronto direto entre forças militares convencionais de dois ou mais Estados, geralmente envolve exércitos formalmente organizados, com divisões claras. A Guerra Regular também é o tipo de conflito mais provável em disputas territoriais ou políticas entre países com forças armadas tradicionais.
Já a Guerra Regional envolve disputas que, embora possam ter impactos internacionais, estão confinadas a uma região ou área geográfica específica. E a Guerra Limitada refere-se a conflitos em que o uso da força militar é restringido de maneira deliberada, na qual as partes envolvidas estabelecem limites claros. Esses conflitos tendem a ser mais focados, como em intervenções específicas, operações militares localizadas, ou ataques de precisão com armamentos inteligentes.
A CRUZEX 2024
O exercício será dividido em três etapas: a primeira, chamada FAM (Familiarization), consistirá em voos de familiarização na região, permitindo que as tripulações se adaptem à Área de Operações; a segunda, FIT (Forces Integration Training), promoverá a integração entre as diversas Forças Aéreas participantes; e a última etapa envolverá voos em cenários pré-planejados e com diversas aeronaves, conhecidos como Composite Air Operations (COMAO) ou Missões Aéreas Compostas.
Sob direção do Comandante da BANT, Brigadeiro do Ar Ricardo Guerra Rezende, a CRUZEX 2024 tem o objetivo de manter a atualização das táticas, técnicas e procedimentos em missões aéreas compostas, preparando nossas Forças para cenários de guerra convencional e enfrentando desafios complexos.
“Além disso, reforço a importância do exercício na contribuição para a ordem e a paz mundial, além da manutenção da soberania e integridade territorial do Brasil”, enfatizou.
Com um foco especial em defesa cibernética, defesa antiaérea e controle satelital, a CRUZEX 2024 promete ser um marco na preparação e integração das Forças Armadas do Brasil e de seus aliados, fortalecendo a capacidade operacional das Forças Armadas brasileiras, além de promover a cooperação internacional, essencial em tempos de crise e operações militares complexas.
Participação internacional
O exercício contará com a participação de diversas nações parceiras, incluindo Estados Unidos, Argentina e Chile, que contribuirão com suas próprias aeronaves de combate e reabastecimento, como F-15, KC-130 e F-16. Essa colaboração internacional enfatiza a importância da cooperação militar em um mundo onde as ameaças são cada vez mais complexas.
O Comandante da Agrupação da Força Aérea do Chile, General de Brigada Aérea Nelson Pardo Ocaranza, que participa da CRUZEX 2024, destaca a importância do exercício e também os desafios que ele implica para sua Força:
“Devido à magnitude da estrutura e dos meios participantes da CRUZEX, este exercício permite que a Força Aérea do Chile fortaleça a interoperabilidade com as demais forças aéreas participantes. Ele fortalece nossa prontidão operacional, enriquecendo o intercâmbio de conhecimentos e experiências no uso do poder aéreo em um cenário multidomínio, tudo sob a metodologia de planejamento da OTAN. Sem dúvida, a CRUZEX é uma oportunidade que reforça os laços entre as forças participantes, validando a importância da criação de espaços operacionais para um propósito comum”.
Dos países participantes com aeronaves, o Brasil estará presente com os caças F-39 Gripen, F-5EM, A-1, A-29B, de transporte C-99, C-105/SC-105 Amazonas, KC-390 Millennium, E-99M e helicóptero H-36 Caracal da FAB, além do A4 da Marinha do Brasil (MB); a Argentina, com IA-63 Pampa e KC-130H; o Chile com o KC-135 e F-16; a Colômbia com KC-767; os Estados Unidos com F-15 e KC-46 (767); Paraguai com AT-27 e C-212; Peru com KT-1P e KC-130; e Portugal com KC-390.
Estreantes
O Boeing F-15C Eagle I, da Guarda Aérea Nacional do estado da Louisiana, já fez sua estreia no Brasil durante a CRUZEX 2024. Com um histórico impressionante de 104 abates e sem perdas em combate aéreo, o F-15C é reconhecido como um dos aviões de caça mais eficazes da história.
A comitiva americana é composta por seis unidades desse modelo, acompanhadas pelos aviões reabastecedores Boeing KC-46A Pegasus e KC-135R Stratotanker. Um dos caças, de matrícula 85-0102, possui três estrelas verdes abaixo do cockpit, que representam os abates realizados durante a Guerra do Golfo, quando fazia parte do 58º Esquadrão de Caça Tático.
Outro destaque da CRUZEX 2024 é o caça Gripen E da Saab, que marca sua estreia em cenários de alta complexidade. Este modelo, considerado o mais avançado em serviço na América Latina, executará um amplo leque de tarefas nas chamadas missões aéreas compostas (Composite Air Operations, COMAO). Nessas missões, um grande número de aeronaves com objetivos distintos atua simultaneamente contra um inimigo, saturando suas defesas e ampliando a eficiência da operação.
A participação do Gripen E neste exercício representa um marco significativo para a Força Aérea Brasileira e reafirma sua posição como um parceiro estratégico na aviação militar.
Coletiva de imprensa
Durante a coletiva realizada nesta segunda-feira (3), na qual o AEROIN participou, o Brigadeiro Rezende expressou seu entusiasmo pela magnitude do exercício, que envolve um planejamento meticuloso, incluindo mais de 1.400 horas de voo e mais de 800 surtidas de aeronaves.
O exercício não se limita apenas à atuação das Forças Aéreas, mas também integra meios da Marinha e do Exército, abrangendo uma vasta área de 370 km². Um dos pontos mais relevantes desse treinamento é a inclusão de operações que envolvem a defesa no espectro cibernético e espacial, reforçando a importância da modernização das táticas e técnicas das Forças Armadas.
Com essa robustez logística e operacional, o CRUZEX 2024 visa não apenas a preparação das tropas, mas também a promoção da interoperabilidade entre as forças aliadas, ressaltando a importância da colaboração internacional em um cenário de segurança cada vez mais complexo.
O Brigadeiro do Ar Ricardo Guerra Rezende também destacou os motivos que levaram à escolha da Base Aérea de Natal (BANT) para a realização do CRUZEX 2024. Ele ressaltou que a localização estratégica da base, aliada a condições meteorológicas favoráveis durante esta época do ano, torna o ambiente ideal para a execução de atividades de treinamento de grande escala.
Além disso, a BANT conta com diversos aeródromos de alternativa, proporcionando flexibilidade e segurança para as operações. As características da pista de pouso, que se encontram em excelente estado, são igualmente relevantes para garantir a eficácia das manobras aéreas.
Veja algumas fotos tiradas na tarde desta segunda-feira (3):


















O AEROIN está presente no exercício na Base Aérea de Natal, trazendo informações e imagens aos leitores. Para conferir todas as notícias sobre a CRUZEX 2024, clique aqui.
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