
O setor de aviação se depara com a necessidade de revisar sua meta de alcançar emissões líquidas zero até 2050, de acordo com Willie Walsh, diretor-geral da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos).
Em discurso durante a conferência da ISTAT Americas em Phoenix, no dia 3 de março, Walsh comentou sobre os desafios enfrentados na implementação de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF, na sigla em inglês).
Ele destacou que o progresso no que diz respeito ao uso de SAF não está avançando tão rapidamente quanto esperado: “Vamos ter que revisitar essa meta. Não estamos fazendo o progresso que pensávamos em relação aos combustíveis sustentáveis”, afirmou.
Walsh previu que a reavaliação levará algumas companhias a concluir que a meta de zero emissões até 2050 pode ser inviável, resultando em um setor de aviação mais fragmentado.
Ele também mencionou que algumas companhias que se comprometeram com metas de SAF para 2030 podem rever esses compromissos, uma vez que a IATA tem defendido fortemente a ausência de metas intermediárias, devido à incerteza na aceleração da produção de SAF.
A IATA comprometeu-se com o objetivo de emissões líquidas zero em sua reunião anual de 2021 em Boston, assumindo que haveria um avanço mais rápido na produção de SAF, que deveria contribuir com aproximadamente dois terços das reduções das emissões.
Walsh não poupou críticas às políticas ambientais da União Europeia, descrevendo-as como “insensatas” e desconectadas do impacto econômico: “A UE está louca em sua busca por objetivos ambientais, pois a sua abordagem é um modelo do que não se deve fazer. A Europa está excessivamente regulamentada, tornando-se muito não competitiva.”
Ele também ressaltou a falta de transparência dos políticos sobre os custos da transição energética.
Em termos de novos programas aeronáuticos, Walsh prevê que não haverá grandes mudanças tecnológicas até 2050. Por exemplo, ele expressou ceticismo quanto ao plano da Airbus de introduzir um avião narrowbody movido a hidrogênio até 2035, afirmando: “Nunca ia acontecer. Eu tenho descartado o hidrogênio como parte da solução se a meta é 2050.”
Quanto a tarifas que poderiam impactar aeronaves ou componentes, ele espera que estas “não sejam de longo prazo”, evitando um aumento estrutural de custos.
Se a guerra da Rússia na Ucrânia chegar ao fim em breve, algumas limitações, como voar pelo espaço aéreo russo, podem ser “desfeitas rapidamente”, mas a reintegração das companhias aéreas russas “levará um tempo”. Quando esse processo iniciar, Walsh ressalta que “o reconhecimento mútuo dos padrões será importante”.