
A Delta Air Lines anunciou que pretende adiar entregas de novas aeronaves Airbus fabricadas na Europa ou no Canadá enquanto permanecerem em vigor as tarifas impostas pelo governo Trump. A companhia aérea deveria começar a receber, já no próximo ano, as primeiras de 20 unidades do Airbus A350-1000, modelo widebody (fuselagem larga) produzido na França.
O anúncio foi feito durante a apresentação dos resultados do primeiro trimestre da Delta, transmitida por webcast, na qual a empresa revelou planos para cortar custos e reduzir investimentos de capital, em resposta à desaceleração repentina do crescimento observada em fevereiro, atribuída às políticas econômicas da istração Trump.
A frota principal da Delta é composta por uma combinação diversificada de aeronaves, tanto da norte-americana Boeing quanto da europeia Airbus. O A350, com fuselagem de dois corredores, é amplamente considerado o principal modelo da frota internacional da empresa.
Atualmente, a Delta opera 35 unidades do Airbus A350-900 e tem mais 15 encomendadas. Além disso, há um pedido de 20 unidades do A350-1000, versão alongada, e opções de compra para outras 20 aeronaves.
A entrega do primeiro A350-1000 está prevista para 2026, mas pode ser adiada indefinidamente. O motivo seriam as tarifas, que podem aumentar o custo da aeronave — que vale dezenas de milhões de dólares — entre 10% e 20%. A tarifa de 10% é a padrão, enquanto a de 20% se refere a uma sobretaxa específica da União Europeia que, por ora, foi suspensa.
“Obviamente, neste cenário, estamos trabalhando — e trabalhando muito de perto — com a Airbus, que é a única fabricante da qual ainda temos entregas programadas para este ano,” afirmou Ed Bastian, CEO da Delta, durante a apresentação.
“Eles sempre foram e continuam sendo grandes parceiros, e vamos fazer o possível para minimizar os efeitos das tarifas. Mas uma coisa é certa: não vamos pagar tarifas sobre nenhuma aeronave que venhamos a receber. Estamos vivendo tempos de grande incerteza. Quando se adiciona um custo extra de 20% a uma aeronave, a equação financeira se torna inviável. Fomos muito claros com a Airbus nesse ponto”, completou Bastian.
Além disso, a própria necessidade da Delta por novas aeronaves A350 no próximo ano pode ter diminuído.
A companhia afirma que pretende desacelerar o crescimento planejado, reduzindo a capacidade em toda a sua malha à medida que 2025 avança e os consumidores diminuem os gastos com viagens não essenciais.
No mercado doméstico e em rotas internacionais de curta distância, a Delta tem 69 unidades do Airbus A220-300 encomendadas. Embora esses aviões sejam montados em Mobile, Alabama, nos EUA, boa parte dos componentes é fabricada na Europa e no Canadá.
A Delta também informou que pretende antecipar a aposentadoria de aeronaves mais antigas, especialmente os Boeing 757 e 767, além de alguns modelos Airbus A319 e A320, que podem ser retirados de operação muito antes do previsto.
Leia mais: