A Delta Air Lines está buscando ar os salários de uma ex-comissária de bordo que processou a companhia aérea devido à forma como lidou com uma grave e angustiante denúncia. Ela acusou um piloto da Delta de agredi-la sexualmente ao final de uma noite de bebedeira, entre dois voos.
Em 2018, Sara Caruso relatou que um primeiro oficial da Delta a agrediu sexualmente em um hotel durante uma escala em Dallas, nos Estados Unidos, após uma noite de consumo de bebidas alcoólicas. O piloto itiu ter se envolvido em diversos atos sexuais com Caruso, mas alegou que tudo foi consensual e que não houve relação sexual completa.
As acusações só vieram à tona quando Caruso falhou em um teste de bafômetro no aeroporto. O hotel, preocupado com seu comportamento, havia contatado a Delta depois que ela foi vista correndo pelos corredores do hotel, usando apenas sua lingerie, enquanto era filmada pelas câmeras de segurança.
Caruso estava quase quatro vezes acima do limite de álcool da Delta e o dobro do limite permitido pelo governo federal. Ela foi instruída a entregar seu crachá de funcionária e foi enviada de volta para sua base em Boston ainda no mesmo dia.
Em sua declaração inicial sobre o ocorrido, Caruso não mencionou a agressão sexual. No entanto, naquela noite, ela foi ao hospital local e completou um kit de agressão sexual. No dia seguinte, Caruso ligou para seu supervisor na Delta, expressando suspeitas de que havia sido drogada e agredida, mas não mencionou que o piloto foi o agressor. Antes que pudesse registrar um boletim de ocorrência, ela foi enviada para um programa de reabilitação residencial de álcool.
Embora a Delta tenha permitido que Caruso mantivesse seu emprego, ela alegou que a forma como a companhia lidou com a denúncia, ao não garantir que ela nunca mais precisasse voar com o piloto acusado, configurou uma demissão construtiva.
Caruso pediu à companhia que a impedisse de trabalhar com o piloto novamente, mas a Delta afirmou que isso não era possível, pois seu sistema de TI não tinha capacidade para impedir uma comissária de voar com um piloto específico.
A companhia sugeriu, então, que Caruso optasse por voos em aeronaves que o piloto não estivesse treinado para operar. Caruso insistiu em seu pedido, afirmando que, se não fosse atendida, seria obrigada a pedir demissão. A Delta solicitou uma prorrogação do prazo estabelecido pelos advogados de Caruso, mas ela recusou e se demitiu.
Caruso então entrou com uma ação judicial contra a Delta, acusando a companhia de demissão construtiva e de não realizar uma investigação adequada sobre suas alegações. Um tribunal distrital de Massachusetts rejeitou sua ação em 2022, e, no início deste ano, sua apelação foi igualmente rejeitada.
Agora, a Delta busca ar os salários de Caruso em seu novo emprego para recuperar mais de US$ 6.000 em custos legais que ela ainda não pagou à companhia aérea. Os advogados da Delta inicialmente tentaram cobrar quase US$ 25.000, mas um tribunal de apelações reduziu o valor para cerca de US$ 19.000, informou o PYOK.
No último trimestre, a Delta reportou uma receita operacional de US$ 15,7 bilhões e um lucro operacional de US$ 1,6 bilhões. Apesar de ter sido ordenada a pagar os custos legais da Delta mais de dois anos atrás, Caruso ainda não quitou sua dívida. A companhia agora obteve com sucesso uma ordem de penhora, o que permitirá ar diretamente seus salários para recuperar os custos legais.
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