A conturbada companhia aérea nacional do Zimbábue falhou em atrair investimentos externos para poder voar seus Boeing 777, dando um golpe nos planos do governo para vender ativos estatais e garantir receitas tão necessárias. Nós temos acompanhado esse assunto de perto por que imaginávamos que ia “dar ruim”. E deu!

A companhia aérea, que em outubro de 2018 foi incluída num processo de proteção contra falências, recebeu manifestações de interesse de 10 investidores internacionais e havia listado três licitantes. Mas parece que as coisas não andaram conforme planejado, segundo o MoneyWeb com base em informações da Bloomberg.
“Um processo para encontrar um parceiro estratégico ou investidor foi realizado, mas nenhuma das partes que manifestaram interesse e apresentou ofertas foi bem sucedida”, disse o da companhia aérea, Reggie Saruchera, em um comunicado enviado por e-mail na quinta-feira, sem identificar quem seriam os licitantes.
A reestruturação das empresas estatais é fundamntal na agenda de reformas do presidente Emmerson Mnangagwa para reviver uma economia que encolheu pela metade de tamanho desde 2000, e aliviar uma escassez incapacitante de moeda estrangeira.
A companhia aérea tem uma dívida de cerca de US$ 370 milhões, e Saruchera recomendou que isso fosse resolvido antes de buscar novos investimentos.
Relembre o caso dos 777
Nós temos acompanhado esse assunto há alguns anos já, e a cada novo capítulo, a história vai ficando mais estranha e o Boeing mais distante de voar pela Air Zimbabwe. Fizemos uma matéria completinha sobre esse assunto, que você pode ar por aqui, garantimos muitas surpresas e algumas risadas com a história rocambolesca que cerca esse avião.
Envolto em polêmicas de corrupção que ainda estão sendo investigadas, o primeiro dos dois Boeing 777 chegou a Harare há cerca de um mês, mas não tem nem rotas e nem pilotos para voá-lo, já que a empresa não tem dinheiro para viabilizar sua operação.

No capítulo de hoje
Neste sábado, 22 de fevereiro, já surgiu a notícia no jornal local Pindula News de que os aviões devem mesmo ser alugados a outros operadores com o objetivo de levantar fundos. Segundo a matéria, a Air Zimbabwe deve arrendar os dois aviões adquiridos da Malásia, que aguardavam para serem introduzidos em voos diretos para a China e Londres.
Mas Saruchera revelou que “a companhia aérea nacional somente vai empregar as duas aeronaves Boeing 777-200ER em voos internacionais para a China e Londres depois de desenvolver uma robusta rede de rotas domésticas e regionais”. Saruchera disse ainda que nove empresas manifestaram interesse em alugar as duas aeronaves Boeing 777-200ER, que têm capacidade para 282 ageiros cada.
Ele disse: “Durante o período de locação, a companhia aérea iniciará o treinamento da equipe de voo, de manutenção e pessoal de assistência em terra” – revelando, assim, que a empresa também continuava sem ter pilotos prontos para voar o triplo-sete.
Saruchera acrescentou que a companhia aérea nacional planeja comprar uma aeronave de corpo estreito adicional (“narrowbody”), provavelmente um 737 usado, com os recursos provenientes do arrendamento das duas aeronaves Boeing 777-200ER.