
A Ryanair, maior companhia aérea europeia em número de ageiros, saiu vitoriosa em um processo nos EUA contra o Booking.com, gigante do setor de reservas de viagens, devido a alegações de que o site e suas subsidiárias realizavam práticas ilícitas de “raspagem” de preços de voos no site da Ryanair, como a própria empresa aérea divulgou em seus canais.
Até recentemente, a Ryanair, com sede em Dublin, se recusou a comercializar seus voos por meio de agências de viagens online e sites agregadores de preços, forçando os ageiros a reservar diretamente pelo site oficial da Ryanair.
A companhia se posicionou contra as agências de viagens online que tentaram contornar essa restrição, utilizando tecnologia para “raspar” os preços das agens aéreas do site da Ryanair e, em seguida, apresentá-los aos clientes como se estivessem autorizados a fazê-lo.
A Ryanair acusou essas agências de viagens online de então aumentar o preço e incluir taxas adicionais que tornavam a compra mais cara do que a aquisição direta.
Em 2020, a Ryanair abriu um processo contra a Booking.com, sediada nos EUA, em um tribunal de Delaware, acusando a empresa de violar a Lei de Combate à Fraude e aos Abusos de Computador.
Na quinta-feira, um júri decidiu unanimemente a favor da Ryanair, e também concluiu que a Booking.com havia praticado a “raspagem” no site da Ryanair com a intenção de fraudar a companhia aérea.
Em outro golpe contra a Booking.com, o júri também rejeitou uma reivindicação de contrapartida que a empresa havia apresentado contra a Ryanair, na tentativa de alegar que a companhia aérea havia difamado a empresa e estava causando concorrência desleal e práticas comerciais enganosas.
“É inaceitável que gigantes globais, como a Booking.com (valor de mercado de 133 bilhões de dólares), estejam envolvidos nessas práticas ilegais e enganosas há muitos anos com a intenção de fraudar tanto a Ryanair quanto os consumidores”, criticou o CEO da Ryanair, Michael O’Leary, na sexta-feira.
“Esperamos que essas decisões do tribunal de Delaware ponham fim à raspagem ilegal de sites de agências de viagem (OTA) nos sites de viagens como Ryanair.com, e obriguem as agências de defesa do consumidor em todo o Reino Unido e Europa a finalmente tomar medidas para proibir essa raspagem ilegal e a cobrança excessiva dos consumidores por voos e serviços auxiliares”, acrescentou O’Leary.
A Booking.com foi originalmente fundada em Amsterdã, mas agora é listada na bolsa de valores NASDAQ e tem sede em Norwalk, em Connecticut. A empresa também é dona da Priceline.com, Agoda.com, Kayak.com, todas acusadas de prática ilegal de “raspagem” no site da Ryanair.
Nos últimos meses, a Ryanair amenizou sua postura em relação às agências de viagens online, firmando acordos com alguns dos maiores players do mercado, que aram a ter o oficial aos preços das agens da Ryanair.
Em troca, a Ryanair alega que essas empresas se comprometeram a não cobrar em excesso dos consumidores, enquanto, presumivelmente, também concordaram em pagar uma comissão para a Ryanair. No mesmo dia da decisão dos tribunais de Delaware, a Ryanair anunciou que fechou seu último acordo com o Grupo Expedia, ampliando os negócios com empresas como Lastminute.com e Onthebeach.com.