
Adair Turner, presidente da Comissão de Transições Energéticas (ETC), um influente think tank climático britânico, expressou críticas ao uso de jatos particulares por representantes de países e autoridades que participam da COP28. Turner afirmou em uma entrevista que esses delegados deveriam ser proibidos de participar de eventos futuros, a menos que utilizem combustível sustentável.
Segundo Turner, o uso de jatos particulares na cúpula climática da ONU, em Dubai, causa “um problema real de percepção”. Durante a COP28, os países estão sob pressão para apresentar planos que detenham o contínuo aumento das emissões de gases de efeito estufa.
O Reino Unido, por exemplo, foi criticado pelo uso de jatos particulares diferentes pelo primeiro-ministro Rishi Sunak, pelo secretário de Relações Exteriores Lord Cameron e pelo rei Charles para participarem da cúpula em Dubai.
Turner sugeriu que, em futuras conferências climáticas, os delegados dos países que chegarem em jatos particulares só poderiam participar se comprovassem o uso de combustível de aviação sustentável, além de pagar um imposto correspondente à diferença entre o custo desse combustível e o convencional. O dinheiro arrecadado seria direcionado para um fundo destinado à descarbonização em países de baixa renda.
Um estudo realizado por especialistas acadêmicos comparou as pegadas de carbono das últimas três conferências climáticas da ONU e destacou a necessidade de considerar cuidadosamente o impacto ambiental das viagens para esses eventos.
O uso de jatos particulares por autoridades e líderes mundiais para participar dessas cúpulas é considerado uma demonstração de desconexão entre as preocupações ambientais e as ações individuais. Além disso, as viagens de jato particular são o modo mais poluente de transporte, emitindo grandes quantidades de CO2 por ageiro.
Uma viagem de Londres a Dubai de jato particular é 11 vezes mais poluente do que de avião comercial de ageiros, 35 vezes mais poluente do que de trem e 52 vezes mais poluente do que de ônibus. Aainda que estes últimos dois não sejam opções para ir da Inglaterra aos Emirados, esses números demonstram o impacto ambiental significativo dessas viagens de jato particular.
Embora a escolha do local da conferência também possa influenciar as opções de transporte, é essencial que os líderes adotem práticas de viagem sustentáveis e evitem o uso de jatos particulares sempre que possível, mas prefiram aviões compartilhados e voos de carreira.
No geral, o uso de jatos particulares em eventos climáticos de grande importância como a COP28 prejudica o objetivo dessas conferências, que é promover ações concretas para combater as mudanças climáticas. Além disso, envia uma mensagem equivocada ao público e cria desigualdades na luta contra o aquecimento global.
Portanto, é fundamental que os líderes e autoridades que participam dessas conferências adotem medidas mais sustentáveis em suas viagens, priorizando modos de transporte de baixo impacto ambiental e promovendo o exemplo para alcançar uma transição efetiva para uma economia de baixo carbono.
Mais de 70.000 pessoas participam da COP28 em Dubai, que vai de 30 de novembro a 12 de dezembro. Espera-se que seja o evento climático com maior movimento de voos privados da história, mas os números devem ser revelados em breve, já que se trata de um evento de vários dias.