REPORTAGEM ESPECIAL– A campanha presidencial americana de 2024 está na sua reta final, e chama a atenção as doações oriundas do setor aeronáutico, tanto civil como militar.
Nos EUA, ao contrário do Brasil, é proibido o uso de fundos públicos e de corporações para campanhas políticas, logo, é necessário que apenas pessoas físicas, de maneira individual, façam doações para seus candidatos, partidos e redes de apoio.
Qualquer doação acima de US$ 200 dólares deve ser declarada à Comissão Federal de Eleições (FEC), com nome completo do doador, sua ocupação, empregador e endereço. Estes dados são compilados e demonstrados de maneira parcial ao público em um site oficial.
Um levantamento inicial feito pela Quiver Quantitative destaca que das 10 maiores contribuições para à campanha de Donald Trump – incluindo comitês independentes (não oficiais) de apoio ao empresário – classificadas por empresa, 6 vieram de empresas do setor aeronáutico, totalizando quase meio milhão: $551 mil dólares.
No top 20, mais duas outras empresas do setor entram na lista, enquanto no mesmo ranking de Kamala Harris, apenas a Boeing é presente, com doações de seus funcionários totalizando $137 mil dólares.
Utilizando dados obtidos através da FEC, o AEROIN fez um levantamento inédito e mais detalhado, por cada companhia aérea, traçando o perfil do funcionário que é eleitor e doador na campanha presidencial mais acirrada dos últimos tempos nos EUA.
Estando ciente da polarização política nos EUA, que mesmo com amplo direito à legítima defesa e garantia de livre expressão, mas visando evitar boicotes e ataques pessoais, os nomes dos funcionários e seus endereços não serão expostos pelo AEROIN nesta reportagem.
Vale destacar que, por determinação da FEC, a doação máxima individual para comitês oficiais de candidatos é de $3.300 dólares por ano, com este número chegando até a $106 mil dólares para comitês/partidos a nível nacional, estadual e regional.
Na American Airlines totalizaram 3.992 funcionários que fizeram doações para campanhas presidenciais este ano, sendo a maioria (2.213 funcionários ou 55%) apoiando Trump, e 45% a Kamala.
Com a United Airlines, com sede em Chicago, foram 2.933 empregados que realizaram doações, sendo 54% para a candidata Democrata e 46% para o candidato Republicano.
Já na Delta Air Lines, da Geórgia, o movimento é menor: apenas 1.304 funcionários doaram até o momento para alguma campanha presidencial, sendo 59% para a campanha de Kamala e 41% para Trump.
Na Southwest Airlines, que também é do Texas, um total de 1.597 funcionários fizeram doações, sendo 57% para Kamala e 43% para Trump.
A quinta maior companhia aérea dos EUA, a Alaska Airlines, de Seattle, teve apenas 686 doadores no seu quadro de funcionários, sendo que 64% para Harris e 36% para Trump.
Na JetBlue, fundada pelo brasileiro David Neeleman em Nova York, e irmã da Azul Linhas Aéreas, teve 139 funcionários como doadores, sendo 54% para a candidata Democrata e 46% do Republicano.
Somado estas companhias o número de apoiadores ficou desta maneira: 52% dos doadores destinaram seu dinheiro para Kamala Harris, e 48% para Donald Trump.
É importante lembrar que apesar de Kamala ter tido doações de mais funcionários, elas foram num volume consideravelmente menor do que as feitas para Trump, dando um cenário de contraste dentro do eleitorado das companhias aéreas: os eleitores de Trump são poucos, porém mais engajados e dispostos à ajudar, já os de Harris são em maior número porém menos ativos na campanha.
Nota do Editor: Por terem menos de 1% de doadores somados, as doações para as campanhas de Robert F. Kennedy Jr. e Nikki Haley não foram consideradas nos cálculos e gráficos. Todos dados dispostos acima consideram doações feitas entre 1º de janeiro e 28 de outubro de 2024, não incluindo doações de declaração não obrigatória: anônimas (que podem ter um valor máximo de $50), doações feitas com dinheiro abaixo de $100 dólares ou por depósito abaixo de $200.
