
As mudanças na política externa americana podem prejudicar uma das principais indústrias do país: a aeroespacial, especialmente a Boeing. Faltando exatamente uma semana para a posse, Donald Trump não voltou atrás nas falas de que taxará bens importados de outros países, mesmo que sejam aliados de longa data como a União Europeia.
Os números exatos não foram definidos, mas Trump chegou a falar em 60% de imposto extra de bens vindos da Europa. Isto tem atraído a atenção da AerCap, que é a empresa com mais aviões em sua propriedade no mundo.
O CEO Aengus Kelly, que lidera a empresa, a maior no setor de leasing, com 1.700 aeronaves, 1.000 motores e 300 helicópteros, alertou sobre os impactos desta nova política na Boeing, em entrevista à Reuters.
“O que você vai fazer com um motor que é feito parcialmente na França? Vai colocar 20% de taxas nele? Isto é contraproducente?!”, disse Kelly, em uma citação indireta ao motor LEAP, que equipa os jatos 737 MAX da Boeing e é produzido pela CFM, uma t-venture da americana General Electric e da sa Safran, que possuí peças produzidas em vários países, mas principalmente nos dois que são sede das controladoras.
O executivo destaca que, caso o plano de Trump seja executado, prejudicará a recuperação financeira da Boeing, que sofre por problemas internos e externos: “a Boeing precisa de grana, ela tem que transformar estoque em venda, e as taxas não ajudam nisso”.
Trump tem uma relação mista com a Boeing: ao mesmo tempo em que é fã declarado da empresa e cliente já há algumas décadas, tendo uma aeronave da fabricante para uso pessoal, ele já criticou algumas políticas da empresa e pressionou até que a companhia de Seattle aceitasse reduzir o valor do contrato do novo “Air Force One”, que será um par de 747-8i que iriam para a russa Transaero, que faliu antes de receber os Jumbos.