
As companhias aéreas têm se esforçado em retratar as viagens aéreas em tempos de coronavírus como seguras, falam muito dos filtros HEPA, que mantêm o ambiente a bordo com um ar puro, similar ao encontrado num centro cirúrgico, além das máscaras que reduzem a possibilidade do vírus se espalhar. Tudo isso dá mais segurança, é cientificamente comprovado, mas não elimina o risco.
Em uma publicação atual dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, um voo em março deste ano foi analisado em detalhes. Resultado: 15 outras pessoas a bordo foram infectadas por uma única pessoa, diz o órgão.
Que voo foi esse
O voo-objeto do estudo foi o VN54 da Vietnam Airlines, que decolou de Londres em 1° de março de 2020 para Hanói. Havia a bordo do Boeing 787-9 um total de 16 tripulantes e 201 ageiros, incluindo uma empresária vietnamita de 27 anos que reclamava de uma forte dor de garganta e tosse nos dias anteriores à partida – mas mesmo assim pegou o voo num momento em que a Ásia já enfrentava o pior da pandemia. Pouco depois de retornar ao Vietnã, “voilà”, a mulher testou positivo para SARS-CoV-2.
No Vietnã, toda a tripulação e 84% dos ageiros puderam ser rastreados e testados. O resultado da análise descobriu que um membro da tripulação e catorze ageiros testaram positivo para o coronavírus e provavelmente foram infectados durante o voo. Foi particularmente notável que a maioria dos ageiros corona-positivos sentou-se nas imediações do assento da mulher, como mostra esse mapa-gráfico apresentado pelo CDC.
A mulher é representada pelo assento vermelho e os demais infectados nos laranjas, na classe executiva:

Contágio
Com esse estudo, o CDC quer mostrar que existe um risco razoável de contrair o coronavírus a bordo de aeronaves se não houver proteção. Há de se considerar, no entanto, que em primeiro lugar não havia necessidade de máscara em todos os voos no início de março e, em segundo lugar, que a mulher embarcou, apesar dos sintomas. Hoje, a chance de que essas situações aconteçam, diminui consideravelmente devido ao uso da máscara e das triagens.
Como resultado do estudo, não há nada diferente do que já se escuta, ou seja, há a necessidade de as empresas monitorarem meticulosamente as medidas de higiene a bordo. Especificamente, por exemplo, o uso correto de proteção para boca e nariz. Além disso, deve-se ter muito cuidado para não permitir que ageiros sintomáticos ou com riscos embarquem na aeronave.
“Concluímos que há um risco de transmissão do SARS-CoV-2 a bordo durante voos longos, mesmo em ambientes de classe executiva com assentos espaçosos. Enquanto a COVID-19 for uma ameaça de pandemia global, melhores medidas de prevenção de infecção a bordo e triagem são necessários para garantir a segurança do voo”, concluem os autores do estudo.