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O novo governo de Montenegro ordenou o fechamento da companhia aérea nacional Montenegro Airlines, citando como motivo da medida o acúmulo de dívidas sob as istrações de governos anteriores.
Um dos últimos voos da empresa, fundada há 26 anos, recebeu um batismo de despedida ao chegar a seu destino nesta sexta-feira, 25 de dezembro, executado com um dos três Embraer 195 da companhia:
Last Montenegro Airlines flight arrives in Podgorica as Montenegrin government shuts down the airline after 26 years. https://t.co/5KVH1hSQdh pic.twitter.com/jHd8d7PKDt
— Breaking Aviation News & Videos (@breakingavnews) December 26, 2020
A decisão foi tomada mesmo diante dos alertas da oposição sobre o impacto econômico que o fim da companhia resultará, sendo a única operadora nacional relevante de voos regulares no país.
Segundo reporte do Balkan Insight, o ministro de Investimentos de Capital, Mladen Bojanic, analisou que custaria 50 milhões de euros (320 milhões de reais) para fechar a companhia aérea e levaria até nove meses para criar uma nova. “Estamos bem cientes do que significa fechar uma empresa nesta temporada turística, porque levará de seis a nove meses para abrir uma nova.”
A pretensão é abrir a nova empresa com capital do governo, mas não foram detalhados os planos, portanto, ainda não é possível saber se os três jatos brasileiros, de matrículas 4O-AOA, 4O-AOB e 4O-AOC continuarão a voar. Com isso, a fabricante brasileira pode perder uma fonte de receita, uma vez que os aviões demandam peças e apoio técnico quando em operação. Além deles, a Montenegro ainda conta com um Fokker 100 de matrícula 4O-AOM.
Ainda segundo declaração do ministro em entrevista, o novo governo está “colhendo os frutos da malandragem”, uma vez que o governo anterior e a empresa se enganaram durante anos e criaram uma imagem distorcida para o público.
O governo, uma coalizão de três blocos, assumiu o poder no início de dezembro, encerrando três décadas de governo ininterrupto do Partido Democrata dos Socialistas, DPS.
Em dezembro de 2019, o antigo governo liderado pelo DPS anunciou que iria investir 155 milhões de euros na Montenegro Airlines nos próximos seis anos, alertando que a falência ou encerramento da companhia aérea teria um grande impacto na economia devido a sua importância no turismo.
Mas este ano, a Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, expressou preocupação com a ajuda do governo, dizendo que o caso da Montenegro Airlines seria um teste importante para o sistema de controle de ajuda estatal de Montenegro.
Na quinta-feira, Miodrag Vujovic, presidente do Conselho da Agência de Proteção à Concorrência, alertou que a companhia aérea de baixo custo Ryanair apelou à Comissão Europeia para investigar se a Montenegro Airlines recebeu mais de 43 milhões de euros em ajuda estatal.
Segundo Vujovic, a Comissão Europeia agora aprova a assistência devido à crise causada pela pandemia apenas para as companhias aéreas que operavam positivamente antes da crise, o que não é o caso da Montenegro Airlines.
Os sucessivos governos liderados pelo DPS ajudaram a companhia aérea a se manter à tona desde sua fundação em 1994. Em 2014, um estudo da ONG MANS mostrou que o governo tinha canalizado 58,5 milhões de euros para a companhia aérea. Em abril de 2019, o então governo perdoou à empresa quatro milhões de euros em amortizações de dívidas.
O fechamento anunciado gerou críticas por parte da istração da empresa e dos partidos de oposição, que alertaram para o impacto no vital setor do turismo. Nikola Vukicevic, presidente do conselho de istração da companhia aérea, contestou os números do governo, dizendo que o fechamento custará, na verdade, 100 milhões de euros e deixará 360 pessoas desempregadas.
