
Após vários atrasos na decisão, uma companhia aérea da Malásia aparenta ter desistido de vez de comprar novos jatos Embraer E2.
A SKS Airways tinha anunciado em maio de 2023 a compra de 10 jatos Embraer E195-E2 novos de fábrica, em um acordo de leasing com a Azorra Aviation. Este contrato significaria um salto imenso para a companhia, que hoje opera com apenas dois aviões bimotores turboélices de Havilland Canada DHC-6 Twin Otter, que levam até 19 ageiros, sete vezes menos que o jato brasileiro.
Porém, os novos aviões, que estariam programados para serem entregues no início deste ano, até hoje não entraram na linha de montagem, e ainda no ano ado já havia surgido rumores de que o negócio não iria para frente, o que foi rapidamente desmentido pela SKS.
Desta vez, os rumores de cancelamento são bem mais fortes, como revela o portal The Edge Malaysia. A companhia aérea teria informado a Azorra que não conseguiu slots (horário de pouso e decolagem) no Aeroporto Internacional Sultan Abdul Aziz Shah, ou Aeroporto de Subang.
Este aeroporto serviu por décadas como principal ponto de entrada da Malásia, atendendo a capital Kuala Lumpur. Porém, se tornou um aeroporto secundário após a abertura do novo Aeroporto Internacional de Sepang.
Dados da plataforma RadarBox apontam que em média são 90 voos comerciais por dia, partindo e chegando, um número relativamente baixo para um aeroporto de pista única que recebe regularmente jatos maiores como o Boeing 767.
A título comparativo, o Aeroporto de Salvador tem 175 voos, Florianópolis tem 113 e Manaus tem 95, todos com apenas uma pista e sem restrições de horário de slot. O de Sultan chega a ficar várias vezes ao dia sem voos por mais de 1 hora, demonstrando ociosidade, o que é esperado num aeroporto secundário.
Ainda segundo o portal, a SKS pretendia ter 40 voos partindo e saindo de Subang com jatos, o que teria sido negado pelas autoridades locais por falta de espaço no terminal principal, que é pequeno e só tem voos de ageiros em aeronaves turboélices.
Inicialmente, apenas 5 slots teriam sido concedidos à SKS, que considera que com este número tão pequeno não terá rentabilidade nos voos com jatos Embraer.
A companhia chegou a enviar técnicos para treinamento em São José dos Campos no ano ado, e tem usado a compra dos jatos brasileiros como plataforma de marketing, mas nunca deu uma data ou rotas que serão feitas pela aeronave. Agora, a Azorra já está procurando novos clientes para as aeronaves que seriam montadas para a SKS, a fim de não arcar com todas das multas de cancelamento da Embraer.
Nenhuma das três empresas envolvidas no negócio quis comentar o caso com a imprensa.