
O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) dos Estados Unidos está centrando sua investigação sobre o acidente fatal do piloto acrobático Rob Holland em uma peça específica pertencente a uma modificação feita nos controles de sua aeronave MXS-RH. Holland, um renomado campeão de acrobacias aéreas, perdeu a vida em 24 de abril, enquanto tentava pousar na Base Aérea de Langley, na Virgínia.
Um relatório preliminar da NTSB, publicado com uma rapidez incomum em 2 de maio (oito dias após o ocorrido, em vez dos habituais 30), detalha que um dos dois pequenos tampões rosqueados de alumínio do controle do profundor do avião não estava instalado no momento do impacto. A peça foi localizada a cerca de 3 metros (10 pés) atrás dos destroços principais da aeronave, como informa o portal parceiro Aviacionline.
Esse componente fazia parte de uma modificação desenvolvida por Holland em colaboração com o fabricante da aeronave, a MX Aircraft. O sistema permitia desrosquear os tampões — um de cada lado do profundor (a superfície de controle na cauda que regula a inclinação do avião) — revelando um orifício de o. Por esse orifício, era possível inserir contrapesos para ajustar a sensibilidade do profundor de acordo com a rotina acrobática a ser executada.
A NTSB constatou que o tampão ausente, correspondente ao lado esquerdo do profundor, apresentava amassados e arranhões. Esses danos sugerem contato com o restante do estabilizador horizontal da aeronave antes do impacto final. No entanto, o relatório preliminar ainda não determina o efeito que a ausência dessa peça pode ter tido na capacidade de Holland de controlar a aeronave, nem estabelece uma causa provável para o acidente — que deve ser determinada no relatório final, previsto para 2026 ou início de 2027.
Holland, de 50 anos, vinha do Tennessee para participar do festival aéreo “Air Power Over Hampton Roads”. Segundo a NTSB e testemunhos coletados, “a aeronave realizou uma aproximação normal à pista” e nivelou-se a cerca de 15 metros (50 pés) de altura sobre ela. Em seguida, o avião “cabeceou duas vezes (‘porpoised’)“, depois “levantou o nariz bruscamente (‘pitched straight up’), rolou 90 graus à esquerda e desceu até colidir com o solo“.
O investigador da NTSB, Dan Boggs, confirmou anteriormente que Holland “estava chegando para pousar na pista 8” e realizava um pouso normal, sem manobras acrobáticas. O avião monolugar atingiu o solo à esquerda da pista e não pegou fogo. Holland era o único ocupante.
A notícia da morte de Holland abalou o mundo da aviação. Ele detinha o recorde de 13 títulos consecutivos como Campeão Nacional de Acrobacia dos Estados Unidos e era irado por suas manobras inovadoras, muitas delas de sua própria criação. Seu avião MXS-RH, construído conforme suas especificações, era uma máquina de fibra de carbono capaz de ar 16 Gs e realizar rolamentos a 500 graus por segundo.
A Fédération Aéronautique Internationale (FAI), que supervisiona as competições aéreas mundiais, descreveu Holland como “um dos maiores de todos os tempos na acrobacia aérea“. Seu presidente, Greg Principato, acrescentou que Holland “era comprometido em melhorar seu esporte, e todos os esportes aéreos, para as gerações futuras“. A Experimental Aircraft Association (EAA), organizadora do famoso festival aéreo de Oshkosh, onde Holland era uma presença constante, o lembrou como “um pioneiro cuja paixão e inovação redefiniram a arte do voo acrobático“.
Apesar do ocorrido, e após consultas com a NTSB e os profissionais envolvidos, o festival aéreo “Air Power Over Hampton Roads” foi realizado conforme programado naquele fim de semana, segundo informou o Coronel Matthew Altman, comandante da Base Conjunta Langley-Eustis. O relatório preliminar completo está disponível neste link.