Sírios fogem para base aérea controlada pela Rússia em busca de abrigo enquanto temem pela vida

Sírios de grupos identificados como desalinhados ao novo governo do seu país fugiram para a base aérea de Khmeimim, controlada pela Rússia, localizada próxima do Mar Mediterrâneo. Cidadãos, incluindo crianças, temem por sua vida enquanto uma onda de violência se espalha pelo país após a queda da ditadura violenta de Bashar al-Assad.

Por seu lado, a Rússia, controladora da base, está intensificando suas relações com o novo governo sírio ao oferecer e financeiro, especialmente em um momento em que antigos doadores suspenderam a ajuda financeira ao país. Um dos objetivos dos russos é manter os pontos de controle que atualmente possui.

Como reportou o The Wall Street Journal, um dos primeiros sinais dessa melhoria nas relações foi a transferência de aproximadamente 23 milhões de dólares em moeda síria para o banco central da Síria.

Fontes sírias e europeias afirmam que Moscou imprimiu as notas para apoiar a economia em dificuldades da Síria, enquanto a maioria dos outros países refratou-se a fazê-lo devido a preocupações com possíveis sanções.

Esse aporte financeiro surge em um contexto em que o Catar e a Arábia Saudita suspenderam uma tranche multimilionária de ajuda orçamentária, citando incertezas sobre a política de sanções dos Estados Unidos em relação aos ex-rebeldes do Hay’at Tahrir al-Sham que agora estão no poder. A Rússia, no entanto, não enfrenta tais restrições.

A publicação ressalta que esse apoio é parte da estratégia mais ampla da Rússia para fortalecer seus laços com o novo governo sírio, à medida que busca manter o controle sobre suas bases militares no país. Essas bases são pontos-chave a partir dos quais as forças russas podem projetar sua influência, também, em regiões como a África.

Os diálogos privados entre as duas nações supostamente abordaram uma variedade de questões, incluindo bilhões de dólares em dinheiro e investimentos em campos de gás e portos, um pedido de desculpas de Moscou por seu papel em bombardeios a civis e até mesmo uma solicitação de extradição de Assad. No entanto, a delegação russa se recusou a discutir a entrega do ex-presidente.

Para o governo sírio, manter laços com a Rússia é crucial, pois isso permite reduzir a dependência em relação à Turquia. Durante o governo de Assad, a Rússia se tornou um dos maiores parceiros comerciais da Síria, investindo bilhões de dólares na produção de petróleo e no processamento de gás natural para exportação.

Além disso, o ministro da Defesa do governo transitório sírio, Murhaf Abu Qasra, ressaltou que a preservação das bases militares russas dependerá dos benefícios que elas proporcionam à Síria: “Se formos beneficiados com isso, então sim.” A Síria começou a exercer uma certa pressão sobre a Rússia, limitando as operações militares russas na região e oferecendo à Turquia a possibilidade de usar suas bases aéreas.

Um incidente que ilustra essa tensão ocorreu no mês ado, quando o exército sírio deteve um comboio de 30 veículos carregando armamentos de mísseis que haviam partido da Base Aérea de Khmeimim, impedindo sua agem pelo posto de controle em direção à base de Tartus. Após esperar por oito horas no posto, os russos foram forçados a retornar à base de Khmeimim.