
A Holanda se prepara para colocar em operação a mais nova companhia aérea europeia ainda neste ano, apesar da crise vivenciada pelo setor. A Aerotranscargo NL, ou simplesmente ATC, quer explorar o mercado de cargas entre Ásia e América do Norte com uma frota alugada de Boeing 747-400F.
De acordo com uma entrevista do CEO da ATC, Peter Scholten, para a revista holandesa Nieuwsblad Transport, o plano é operar dois cargueiros Boeing 747-400F alugados da companhia Aerotranscargo FZE, dos Emirados Árabes Unidos. O executivo esta de olho nas transformações do mercado no pós-pandemia, que demandará muito do setor logístico.
A nova companhia irá atender, a princípio, clientes em aeroportos na China, Hong Kong e Estados Unidos, entre outros terminais estratégicos. Scholten tem experiência no setor. Ele foi diretor da Mairtinair, empresa holandesa de carga atualmente sob propriedade da KLM.
Ambição
A ATC deve se concentrar no transporte de mercadorias do e-commerce, segmento amplamente beneficiado durante a pandemia. Também deve explorar os nichos farmacêuticos e de produtos perecíveis. Nos primeiros anos, a empresa pode empregar cerca de 100 a 125 pessoas. A meta é transportar até 45 mil toneladas de carga no primeiro ano de operação.
Scholten planeja, dentro de dois anos, ampliar a frota para quatro B747-400F. No médio para longo prazo, a ideia é chegar a dez aeronaves, incluindo modelos mais eficientes, como 747-8F e 777F. A base das operações será o Aeroporto Schiphol, o principal do país e um dos maiores hubs do continente. Para o executivo, Schiphol e o país perdem com o excesso de companhias estrangeiras operando carga e enxerga uma oportunidade.
“Isso não é bom para a qualidade da rede do aeroporto. O cenário exige uma empresa de frete com raízes e istração holandesa”, enfatiza. “Eu converso com muitos exportadores e despachantes e o que ouço é que o mercado de voos de carga é dominado por fornecedores estrangeiros. Portanto, quero responder a essa demanda com ATC”, completa.
Scholten acredita que a aviação holandesa sairá menor da crise do coronavírus e o mercado vai se transformar. Isso está refletido na escassez de capacidade de carga em Schiphol devido ao declínio na demanda.
“Estamos vendo uma mudança estrutural no mercado. A aviação dependerá menos da capacidade dos voos de ageiros, mas precisará fortemente das aeronaves de carga nos próximos anos. Quase não há ageiros, mas há muita carga”, finaliza.
O pedido de licença operacional já foi apresentado ao Ministério da Infraestrutura da Holanda. O objetivo é que a companhia esteja voando no verão europeu, no começo do segundo semestre deste ano.