
A United Airlines anunciou neste fim de semana o cancelamento de 35 voos de ida e volta por dia em sua malha no Aeroporto Internacional de Newark, em Nova Jersey.
A medida é uma resposta direta a falhas tecnológicas recentes nos sistemas do controle de tráfego aéreo dos Estados Unidos e à falta crítica de pessoal no centro responsável pela gestão do tráfego aéreo na região.
Segundo o CEO da companhia, Scott Kirby, o problema se agravou nos últimos dias com a paralisação de mais de 20% dos controladores de tráfego aéreo alocados para Newark. Além disso, falhas nos sistemas usados pelo FAA (istração Federal de Aviação) para coordenar pousos e decolagens resultaram em dezenas de voos desviados, centenas de atrasos e cancelamentos, e milhares de ageiros afetados.
“É decepcionante ter que fazer mais cortes em uma malha já reduzida em Newark, mas diante da falta de soluções imediatas para os problemas estruturais do FAA, sentimos que não há outra opção para proteger nossos clientes“, afirmou Kirby em comunicado.
A United opera cerca de 400 voos diários em Newark e vem, segundo a empresa, alertando o governo federal há anos sobre a necessidade de limitar o número de operações no aeroporto, que sofre com infraestrutura sobrecarregada e deficiências crônicas de pessoal.
Hoje a companhia aérea opera 70% dos voos realizados em Newark segundo dados da plataforma AirNavRadar, e por não ter voos no JFK e uma presença tímida em LaGuardia, acaba que é muito prejudicada quando apenas o Aeroporto de Nova Jersey tem algum problema, o que tem sido um caso recorrente.
A única rota a partir de Newark para o Brasil é operada pela United no voo UA149, com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Nos últimos 10 dias, esse voo teve quatro atrasos superiores a duas horas, sendo que, em um dos dias, chegou a decolar com 13 horas de atraso. Nos outros três dias, os atrasos variaram entre uma e duas horas. Apesar disso, a rota para a capital paulista não será afetada pelos cortes, que serão focados em voos domésticos de curto alcance.
Apesar disso, Kirby elogiou os esforços da nova gestão de Trump no Departamento de Transportes dos EUA, que anunciou planos para investimentos significativos em tecnologia, infraestrutura e contratação de controladores para o FAA. Ele também sugeriu que Newark seja oficialmente classificado como um “aeroporto de nível 3 com controle de slots”, o que permitiria uma distribuição mais organizada e limitada de voos conforme a capacidade real do terminal.
“Newark é um aeroporto estratégico, com voos para 76 cidades nos EUA e 81 destinos internacionais. Com a liderança certa e o uso das ferramentas disponíveis, o FAA pode ajudar esse hub a alcançar todo o seu potencial como uma porta de entrada segura, confiável e eficiente para o mundo“, concluiu o executivo.
O FAA ainda não comentou publicamente a proposta de controle de slots, mas reconheceu os problemas recentes e prometeu investigar as falhas sistêmicas nos centros de controle de tráfego aéreo, além de priorizar medidas de contingência para os aeroportos mais afetados.