
A polêmica envolvendo o Boeing 747 do Catar, atualmente sob avaliação pelo governo dos Estados Unidos, ganhou um novo capítulo. Segundo fontes, foi o ex-presidente Donald Trump quem solicitou a aeronave, contrariando a versão anterior de que teria sido um presente do governo catari. xa6e
Com os atrasos da Boeing na entrega dos dois novos Boeing 747-8i que irão compor o serviço presidencial dos EUA — designados VC-25B — para substituir os antigos 747-200 (VC-25A), Trump teria visitado a aeronave de matrícula P4-HBJ. Este jato executivo foi fabricado em 2012 a pedido do governo do Catar e vendido à empresa de táxi aéreo Global Jet em 2023.
Inicialmente descrita como uma visita técnica para avaliação dos interiores dos futuros VC-25B, a ação indicaria, na verdade, a intenção de Trump de utilizar temporariamente o 747 do Catar como avião presidencial, até a entrega dos novos modelos pela Boeing.
Trump chegou a declarar publicamente que o avião seria um “presente generoso” do Catar, país que já havia doado uma aeronave similar para a Turquia. No entanto, apuração da CNN com quatro fontes próximas ao caso revelou que a iniciativa partiu da própria Casa Branca, que buscava uma alternativa provisória para a frota presidencial.

A própria Boeing teria sugerido algumas unidades do 747-8 BBJ — versão VIP do Jumbo — disponíveis para venda ou locação, entre elas o P4-HBJ, ex-Catar. O plano inicial seria alugar a aeronave, adaptá-la com os requisitos presidenciais e devolvê-la após a chegada dos VC-25B. Porém, o acordo evoluiu para uma possível doação, agora em análise pelas equipes jurídicas dos EUA e do Catar.
Essa possível doação levanta suspeitas, especialmente por ocorrer em paralelo a uma recente compra de aeronaves da Qatar Airways junto à Boeing. Para analistas, o gesto poderia ser interpretado como um “presente inadequado” ou até um “pagamento antecipado”, reacendendo o debate sobre favorecimento e possíveis irregularidades.
Além da dimensão política, há controvérsias técnicas e financeiras. As obras nos VC-25B enfrentam atrasos devido à complexidade dos sistemas de segurança exigidos para o que será o avião mais protegido do mundo. Mesmo que o 747 do Catar seja adaptado, ele estaria pronto apenas poucos meses antes dos VC-25B, o que levanta dúvidas sobre a viabilidade de investir recursos em uma solução temporária.
Tanto Washington quanto Doha confirmam que as negociações seguem em andamento e, caso concretizadas, ocorrerão de forma legal e direta entre os ministérios da Defesa de ambos os países.